Crítica | Com ritmo e roteiro afiados, Trem-Bala surpreende, diverte e entretém

Com um filme repleto de ação e um elenco que vai de Brad Pitt à Bad Bunny, é impossível escapar desse trem sem arranhões

Explosões megalomaníacas, cenas de ação de tirar o fôlego, veículos em alta velocidade, socos e chutes indiscriminados e tiros. Muitos tiros. Isso tudo parece uma fórmula antiga e muito bem conhecida em produções hollywoodianas, tenho certeza que você consegue citar ao menos quinze filmes assim sem ter que pensar muito.

Essa é também a fórmula inicial de Trem-Bala, longa que chega aos cinemas em agosto, com um elenco robusto e um orçamento chocante. Mas se estamos em 2022 e tantos desses filmes já foram produzidos, o que é que ainda chama atenção para levar as pessoas para o cinema?

Trem Bala / Sony Pictures (reprodução/creditos)

Trem-Bala escolheu o Japão como plano de fundo, usando e abusando de referências estéticas e visuais, elenco, cultura, estilo de luta — que vão desde aquelas com espadas até os golpes marciais que desafiam a realidade — e fotografia. Mesmo que 90% de suas cenas aconteçam, claro, dentro do trem-bala, o Japão e seus elementos estão constantemente presentes.

Já o elenco, encabeçado por Brad Pitt, já consagrado em filmes de ação, consegue abraçar ainda Aaron Taylor-Johnson, Logan Lerman, Joey King, Bryan Tyree Henry, Andrew Koji, com participação de Sandra Bullock e até mesmo Bad Bunny, dão mais que liga ao projeto e entregam a verdadeira essência do longa.

No formato “uma história com muitas histórias”, Trem-Bala brinca com um roteiro quase complexo, unindo diversas histórias diferentes que se cruzaram em algum momento, e agora se enfrentam em um ambiente quase claustrofóbico. E é entre os vagões e as paradas do trem que todos esses personagens precisam se enfrentar, dialogar, fugir e, claro, atirar.

Mesmo com diversos núcleos muito diversos — cultura japonesa, mexicana [elemento central da trama de El Lobo, interpretado por Bad Bunny] e as demais tramas individuais que levaram os personagens até ali —, o roteiro consegue dividir muito bem as narrativas sem que a história principal se perca ou que o ritmo se dilua: o filme prende a atenção e entretém seu público do começo ao fim.

Os melhores momentos do filme, no entanto, talvez fiquem nas mãos de Aaron Johson e Bryan Tyree Henry, que interpretam os irmãos “Limão” e “Tangerina”. Eles conseguem nos presentear com os melhores alívios cômicos – que inclusive não se escoram na aparência dos atores ou em piadas datadas e/ou ofensivas. Brad Pitt também tem seus bons momentos, e Bad Bunny traz um frescor único para a tela, surpreendendo com sua atuação e carisma e entregando ação do primeiro ao último minuto de sua, infelizmente, não tão longa aparição.

Trem Bala / Sony Pictures (reprodução/creditos)

Ainda em participações meteóricas temos Sandra Bullock, que tem sua voz presente em várias cenas ao longo do filme, e dá as caras em um momento breve, mas quase reconfortante. O papel de Maria, que ela interpreta, teria sido de Lady Gaga, mas segundo o diretor de Trem-Bala, David Leitch, a cantora não conseguiu conciliar a agenda devido à produção de House of Gucci. De toda forma, Bullock entrega muito bem o trabalho e deixa no espectador o desejo de vê-la em mais cenas.

De toda forma, Trem-Bala entrega o proposto: cenas de ação, sangue, tiros e explosões de encher os olhos, mas com um roteiro bem divertido e amarrado, personagens extremamente carismáticos e um ritmo delicioso até para quem não é tão fã do gênero. Vale o ingresso!

Nota: 88/100

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