Crítica | A aflição de se tornar adulto é o principal foco de Genera+ion

Sem focar exatamente em um único personagem, produção original HBO Max faz da euforia em crescer um tema essencial para mover sua trama.

Genera+ion” caiu em meus braços um longo tempo após a exibição do último episódio do ano um – 8 de julho. Porém, nunca é tarde para reconhecer produções que dentro do mercado, se mostram evasivas em suas percepções. Por entre 16 capítulos com pouco mais de 30 minutos, a série se inclina para o lado não lúdico em rerverberar uma realidade que outras obras parecem abordar com a mão no peito do jeito errado.

O drama original HBO Max criadao por Daniel Barnz e sua filha de 18 anos, providencia colocando em maior foco a sexualidade, histórias sobre as dores em ser adolescente. O segundo ano de “Eu Nunca…”, a fim de comparação, soube muito bem como materializar os erros que Devi comete por acima de tudo ser jovem. Nessa mesma linha, o programa feito para o serviço de streaming que chegou recentemente em território brasileiro, simula bem como esse ciclo de crescimento é regado por superações de dias, medos, família, descobertas, inseguranças e inúmeras angústias que percorrem por nossas células.

Dentro de destrinchamentos individuais para os personagens que sempre acabam se colidindo, acima de tudo, “Genera+ion” não é sobre uma banda de um só, mas sim sobre todos os membros do grupo e o que move-os. Os capítulos buscam ceder o holofote para cada um deles, e quando não só foca em um, foca em mais de dois. É sem dúvida, o seu melhor e maior diferencial, que ao destinar minutos diferentes para Chester, Arianna, Megan e outros, consegue contar sem pestanejar demais.

A sensação que a série a todo momento exemplifica é a de exaltação

E acredite, há muito para dizer, e é aliviante entender que a produção está totalmente ciente disso; como prova mais firme, temos o gancho para gerir curiosidade durante a parte A inteira da temporada, que é mostrada no começo dos episódios e estende-se para o que ocorreu antes no decorrer dele. Com o Chester, personagem de Justice Smith, o garoto escorre em vários núcleos e, se houvesse um protagonista, seria ele. Onde ao rondar através dos sentimentos de quase todos os outros, algumas vezes, as escolhas para com ele, soam um pouco preocupante. Todo o contexto do envolvimento do adolescente com seu orientador, parece que se auto aliviaria se acontecesse, mas felizmente há a quebra dessa expectativa que ninguém deve ao menos cogitar ter.

A maior problemática aqui talvez apenas apareça durante a exposição desses contextos, onde escolhas de até mesmo fala de personagens (há uma citação desnecessária ao Shawn Mendes e um tratamento duvidoso para tiroteios em escolas que nos fazem questionar) ousam parecer autênticas. Mas se desse lado não se permeia tal equilíbrio, quando a conversa é o elenco e a abordagem da sexualidade, a obra marca enormes pontos – para este último tema, tudo é muito assertivo, preciso e sem uma quebra de limites iconveniente que há em outras obras mundo afora.

Justice Smith contagia ao absoluto como Chester, ele é envolvente e possui camadas de aproveitamento que o colocam como uma das melhores perfomances do ano. Seus relacionamentos: não são tão prestigiosos assim. Já com Greta (Haley Sanchez) e Riley (Chase Sui Wonders), temos o melhor ápice de construção de histórias – as duas possuem um emaranhado de nuances perfeitas para deixar o telespectador apenas anestesiado. Riley, que estrela o melhor episódio da série (“Click Whirr” ), é densa e dentre todos, a mais soluvel. Sem especificar, a construção de blocos por blocos de todos os outros possui muito carinho, além de manifestar bem suas finitudes e problemas.

A sensação de muita coisa acontecendo é suscetível e nunca (nunca mesmo) adormece. A ênfase na personagem de Wonders desenha isso, mas tudo aparece mais claramente na luz com a junção de todo os órgãos. Para isso, euforia é a definição. O constante uso de trilha (que é espetacular!), a direção, e tudo que se tem em tela colocam um apreço na constante sensação de perigo, que faz um jus enorme às histórias que são contadas ali. Tais comportamentos técnicos afirmam com tração uma chama especial para tais realidades.

O que fica no saldo de conclusão para “Genera+ion” é mais positivo do que negativo. Tudo resulta em uma visão original de contar como é problemático crescer. É fato, em dados momentos ela parece não ousar crescer e colorir suas telas, mas nessa primeira temporada, em todo a sua duração, sempre deixou a sensação de que tudo pode se resolver, coisa que todo mundo precisa escutar.

Assista “Genera+ion” na HBO Max.

Nota do autor: 70/100

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