Crítica: 5 anos do EP “Vroom Vroom” da Charli XCX

Com apenas 4 músicas, Vroom Vroom de Charli XCX foi um EP que serviu como presságio para as novas sonoridades da artista.

Mesmo com quatro discos na carreira é difícil não concordar que o que guiou a sonoridade de Charli XCX foram suas experiências em formato de EP e mixtapes. Agora em 2021 é correto dizer que o álbum ‘Charli’ (lançado em 2019) é o que melhor reflete a essência da artista, mas para chegar naquele resultado foi preciso caminhar em estilos e subgêneros necessários para fazer da cantora alguém tão cheio de personalidade. Em fevereiro de 2016 ela decidiu sair completamente do estilo de seu segundo disco e entregou o que é até hoje um dos seus melhores projetos: ‘Vroom Vroom’, um EP composto de apenas quatro faixas.

Existem alguns fatores que definem o quanto um trabalho de apenas doze minutos se tornou uma parte tão forte em uma discografia repleta de ótimas músicas, e a parceria com a produtora SOPHIE transformou a carreira das duas dentro do mundo que já as conhecia. Mesmo após o trabalho um tanto quanto comercial em ‘Sucker’ (2014) era muito estranho definir Charli como o tipo de ato musical que foi feito exatamente para paradas de sucesso, então nada melhor do que a ouvirmos fazendo um tipo de música que em poucos segundos já se faz perceptível ser sua verdadeira natureza. 

Por ser uma das favoritas de todos os fãs, Vroom Vroom se tornou o momento mais icônico em apresentações ao vivo de Charli XCX.

A combinação entre a cantora/compositora e a produtora inovadora deu vida aquela que marca até hoje o momento mais inesperado em um show de Charli XCX, a música Vroom Vroom. Em um canto desesperado que caminha em uma linha invisível entre rap e pop, temos não a melhor, mas com certeza a maior música da carreira da artista. Justamente por trazer um estilo de produção pegajosa que combina tão bem com os vocais bastante exóticos de Charli. A canção é incrivelmente viciante porque se faz extremamente difícil de ser esquecida, composta por uma batida tão efervescente que age como uma pancada na cabeça, trazendo tanta informação ao mesmo tempo que fica complicado assimilar de onde saiu sua força.

Em Paradise temos a participação de Hannah Diamond, outra artista do ‘grupinho’ que tende a fazer participações em trabalhos de Charli e SOPHIE. Dentre as quatro faixas é a mais tímida de todas, mas ainda fazendo questão de lançar BPMs pesados em quem ouve. Trophy funciona pela diversão e principalmente pelo sample repetitivo da frase de Pulp Fiction: ‘I Wanna Win, I Want That Trophy’. Secret (Shh) é assim como a canção de abertura a mais forte do EP. A produção tende até a lembrar os primeiros trabalhos de XCX onde ela carregava influências de witch house e dream pop.

O que faz esse EP ter se tornado algo tão grande para Charli XCX é simplesmente por ela ter feito um trabalho simples e sem grandes pretensões se tornar um dos seus maiores marcos de carreira naturalmente. O que ouvimos em seus trabalhos mais recentes são fragmentos que começaram aqui, tanto em suas composições quando no peso que todos que produzem para ela carregam até o produto final. É correto dar muito crédito a SOPHIE também, já que tudo dito em relação a Charli também serve para a produtora… sendo parte de um legado que a artista deixou em vida, e que por ter sido feito com alguém onde havia uma ligação tão forte ficará eternizado em ambas discografias. Vroom Vroom envelheceu bem e pode até funcionar melhor hoje em dia, justamente pelo costume dos anos em relação a sua sonoridade terem facilitado a maneira de como ouvi-la.

Nota do autor: 83/100

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