Crítica | 5 anos de “I See You” de The XX

Há 5 anos o The xx trazia um disco que mais dividiu os fãs, porém, nunca houve dúvidas de que o terceiro projeto do trio é radiante

Tentar entender que um artista precisa aprimorar o seu tipo de som (quando ele quer, óbvio) é algo muito sugestivo. Mas não dá pra negar que há boas intenções nisso. Independente do resultado, que vezes é bom e vezes só vale a pena pelo esforço, é sempre bom poder presenciar o seu cantor favorito ou banda favorita estremecer sob novos acordes e melodias; melhor ainda é quando isso funciona em todas as novas afeições e estéticas acolhidas. Um caso perfeito para toda essa situação é a Lorde: as batidas mais graves do “Pure Heroine” tomam um novo tipo de genialidade no “Melodrama”, continuam sim mais densas, porém, abraçando um novo e astuto lado.

Quando o assunto é banda, talvez esse processo possa parecer mais difícil. Se é, não sabemos, mas aparentemente para o The xx essa missão foi atingida em um ápice surreal, e acima de tudo, de primeira. Tal reação se provocou devido ao lançamento do “I See You” lá em 13 de janeiro de 2017, e que hoje, completa meia década de aniversário.

Reprodução: The XX/Rolling Stone

Dangerous“, a abertura, incendeia todo esse colapso de quebrar linhas com uma estranheza para quem está acostumado com o típico som mais “leve” da banda e o não uso de vocais. Aqui, de cara, o trio nos apresenta batimentos ideais para a pista de dança condensados em tons eletrônicos. Considerando o histórico de trabalhos deles, temos então uma grande novidade.

O disco inteiro parece assumir com muito carinho e clamor o contexto de fazer um clube noturno ficar a beira do seu melhor momento na noite ou na madrugada com o uso de sons que provocam os muitos instintos de quem está expelindo todas as energias ruins na pista de dança. Ao mesmo tempo em que temos as comuns nuances de música que instigam aquela certa habilidade de nos tirar do chão, temos também aquelas que jogam para todos os lados as dores do amor em um momento que a reflexão fala mais alto. “Replica“, um dos melhores registros da história da banda, assume muito bem esses dois lados devido à produção espetacular que ecoa no interior.

Reprodução: The XX/Rolling Stone

Para chorar ao melhor estilo que mais os define, temos “Brave For You”, para fazer isso e dançar: “Naive” oferece todas as necessidades sem a menor intenção de parecer comum em seus quase quatro minutos; a faixa extra que aparece na versão deluxe (que chegou em 23 de junho) é brutal. “Seasons Run”, também do deluxe, parece em toda a sua magnificência refletir como a absorção de novos tons nas mãos de Jamie Smith é apenas o básico para ecoar em um projeto que parece ter sido feito com a intenção de mexer com os lados mais íntimos (externos e internos) do ouvinte.

Talvez desde o nascimento até o seu fim o “I See You” será um certo divisor dentro da base de fãs da banda, seja por abraçar uma aprimoração que pode ser vista como diferente e não suficiente, ou por abraçar esse novo lado e simplesmente não ser interessante o suficiente (situação essa, de verdade, muito difícil e complicada de digerir). Quem sabe entender (ou apenas mostra-se disponível para isso) os muitos “porquês” do 3º registro de estúdio do Oliver, Romy e Jamie vai captar que a essência aqui inserida é rica, autêntica e responsável por alguns dos melhores momentos de toda a carreira dos três.

Se resta alguma dúvida de que esse projeto é um pequeno fio do melhor que o The xx poderia nos oferecer, pare e escute com máxima atenção ao instrumental de “Test Me”, que aparece perto dos seus dois minutos de duração, e sinta a anunciação de sentimentos da canção que reflete o conjunto e os lados mais importantes da tracklist do álbum. Caso isso não seja suficiente, o problema é outro, e ele não está na execução e diagramação das músicas.

Nota do autor: 100/100

Total
0
Share