Crítica | Little Voice mostra que autodescoberta é um individual mas não precisa ser solitário

Série da Apple TV+, Little Voice conta com canções de Sara Bareilles e ainda homenageia toda a musicalidade de Nova Iorque.

A dobradinha entre Sara Bareilles e Jessie Nelson já se apresenta como uma nova oportunidade musical de falar sobre sonhos de um jeito leve e doce. Isso pode ser visto primeiramente, no musical Waitress e agora, também em Little Voice. A série estreou em 2020 e faz parte do catálogo da Apple TV+, um serviço de streaming que diante dos grandes do mercado, não parece ter mostrado muito ao que veio ainda.

A parceria entre J. J. Abrams, Bareilles e Nelson não é nenhuma invenção da roda e nem tem a pretensão de ser um grande marco televisivo, mas entrega ao espectador todo o carinho que ele precisa em tempos de pandemia, cansaço mental e desesperança. Little Voice conta a história de Bess, interpretada brilhantemente por Brittany O’Grady (Star).

A protagonista é literalmente o retrato da jovem adulta que se divide entre empregos diversos, o sentimento de obrigação de cuidar da própria família e a vontade de construir uma carreira na música. Porém, é exatamente por conta das duas primeiras responsabilidades que ela se negligencia e autossabota constantemente seu próprio sonho. O processo de se descobrir, colocado sempre em segundo plano, causa a jovem momentos de dúvida e incerteza que ferem sua autoestima e consequentemente a sua arte.

Bess compõe suas canções no único espaço que se mostra como porto seguro da cantora, um depósito alugado em que ela reúne todos os seus instrumentos e pertences relacionados à arte musical. É neste lugar que ela conhece um de seus interesses amorosos, o cineasta amador Ethan (Sean Teale).

Na realidade diária da protagonista somos apresentados ainda ao seu segundo interesse amoroso, o músico Samuel (Colton Ryan), seu colega de trabalho em um bar, Benny (Phillip Johnson Richardson) e sua melhor amiga e colega de quarto Prisha (Shalini Bathina). Já a família de Bess é composta pelo pai, Percy (Chuck Cooper), que também é cantor, e o irmão Louie (Kevin Valdez), um grande fã dos shows da Broadway que vive com o espectro do autismo e é responsável por muitos dos alívios cômicos, mas também emocionais da produção.

Little Voice traz a reflexão sobre até onde sacrificar um sonho por alguém que se ama

A série é sobre a busca pela voz interior, a autodescoberta e o crescimento pessoal, mas ainda encontra um jeito sútil de homenagear a musicalidade e a arte de Nova Iorque.  Uma produção que aponta as inseguranças da vida e da busca pelos próprios sonhos. Como fazer isso, quando você é forçado a amadurecer e cuidar dos outros, se colocando em segundo, terceiro ou sabe-se lá em que lugar?

Assista Little Voice na Apple TV+.

Nota do autor: 80/100

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