Crítica | The Morning Show é uma imersão escandalosa nos bastidores da TV

Próximo de estreiar a 2ª temporada, confira os detalhes da trama que expõe o pior lado da indústria do entretenimento

Estreia no dia 17 de setembro na Apple TV+ a segunda temporada de The Morning Show. A série, que é baseada no bestseller “Top of the Morning: Inside the Cutthroat World of Morning TV” de Brian Stelter, trouxe polêmica por tratar dos casos de assédio na indústria do entretenimento e se tornou incrível por fazer isso de forma inteligente e sagaz.

O Morning Show representa um programa tradicional matinal da TV que é famoso por fazer parte do café da manhã dos telespectadores americanos e ter uma grande audiência familiar. As pautas do programa sempre dão o tom das preocupações mais relevantes no dia-a-dia da maioria dos cidadões. O alcance do programa é algo relativo ao que temos com o já consolidado “Mais Você” com a Ana Maria Braga, no Brasil, só que no formato de jornalismo de bancada.

A série, que tem uma produção muito cuidadosa e bastante sensível, possui em seu casting grandes nomes como Jennifer Aniston (Alex Levy) em um papel de uma mulher madura com crises de idade e que entra em contradição o tempo todo, Reese Witherspoon (Bradley Jackson) uma jovem jornalista ativista que tem uma escalada meteórica em sua carreira, e Steve Carell (Mitch Kessler) o âncora envolvido nos casos de assédio pelos quais a trama se desenvolve.

A primeira temporada inicia de forma genial, pois retrata as pessoas acordando sem entender o afastamento de Mitch (Carell) da bancada. Mesmo que as denúncias e processos estivessem acontecendo, o afastamento ocorre de forma repentina e após os casos serem expostos, o programa entra em uma grande crise. Alex (Aniston), a companheira de bancada de Mitch, entra em crise, pois acredita que irá ser dispensada devido a sua idade já avançada no programa e a renovação pela qual passa a TV naquele momento. Mitch promete que vai provar a sua inocência nos casos ao qual é acusado.

Ao mesmo tempo, do outro lado, Bradley (Whiterspoon), ao cobrir um protesto em uma mina, se envolve em uma confusão e viraliza, sendo retratada em um primeiro momento como uma destemida jornalista que fala o que pensa e que enfrenta qualquer um, desmistificando o papel do jornalismo neutro. Nesse momento entra em cena, o emblemático Cory Ellison, interpretado por, Billy Crudup que é contratado pela emissora para conduzir todos nesse momento de crise. Cory se interessa por Bradley, pois acredita que a figura de uma nova jornalista pode desviar o foco que se instalou devido ao escândalo.

Bradley é convidada para conhecer a emissora e é confirmada como parte da bancada, no entanto, entra aqui o jogo de poderes, pois quem anuncia a contratação é a própria Alex que o faz por ter medo de que Bradley ocupe o seu lugar, por isso as duas agora dividem a bancada. O conflitos que se desenvolvem a partir dessa parceria são elementos muito interessantes de se observar, uma vez que ressentida, Alex acumula muitas lembranças e ocasiões que vão fazendo sentido ao passar dos episódios.

O mais impressionante é o caráter cultural que os assédios tinham e como isso vai sendo quebrado a partir das primeiras denúncias contra Mitch, entrando dentro do contexto do movimento “Me Too” — um movimento contra o assédio sexual que incentiva que as mulheres exponham seus algozes para que possam acabar com essa cultura machista principalmente nos ambientes corporativos e de trabalho.

Bradley é a principal agente de combate ao assédio, a jornalista recém contrata é destemida e vai até os seus limites para descobrir os segredos que os membros da equipe tem e o que sabem sobre os assédios que aconteciam ali, sem saber que está lidando com traumas e feridas abertas que o assédio causa nas mulheres atingidas.

Além desses fatos que envolvem a cultura do assédio e que são o principal e mais delicado tema abordado pela série, os jornalistas e fãs de jornalismo tem uma experiência quase que imersiva dos bastidores da notícia, no sentido da prática do trabalho. Uma cena bastante marcante aborda o acontecimento das queimadas na Califórnia mobilizando toda a equipe jornalística que se desloca para o local dos fatos e enfrentam as adversidades do tempo para entregar a notícia em seu melhor aspecto, prezando por fontes confiáveis e histórias que sejam verdadeiras, tudo isso correndo contra o tempo para não perder a pauta.

Será que na 2ª temporada teremos a continuidade nessa qualidade no trabalho de diferentes perspectivas sobre o mesmo fato?

Assista “The Morning Show” na AppleTV+

Nota da autora: 95/100

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