Saxofone, teclado e bateria são suficientes para que King Shabaka, Danalogue e Betamax consigam criar uma viagem psicodélica capaz de causar uma sensação de transcendência em quem testemunhar uma apresentação do trio. Juntos eles são The Comet Is Coming, trio britânico que mistura jazz, funk, eletrônico e rock.
Entretanto, o que faz a mágica acontecer em seu som é justamente pegar quatro gêneros e explorar de uma forma tão única que parece ser possível ouvir muito além do que conceitos básicos e previsíveis. A sonoridade, visuais e projetos da banda remetem a uma pegada que vai além da sonora… Com pitadas de ficção cientifica e astronomia é possível adapta-los como a trilha sonora de uma viagem cósmica pessoal.
‘Channel the Spirits‘, primeiro disco do grupo, é definido por Betamax como uma exploração espacial, e logo no título das músicas fica claro que o objetivo era justamente criar uma atmosfera que pudesse fazer o ouvinte se sentir fora da terra. A sonoridade um pouco mais pesada do que os trabalhos posteriores pesa bastante na bateria, mas apenas como um guia para que os outros instrumentos entrem no seu ritmo frenético.
O trabalho mais recente é o incrível ‘Hyper-Dimensional Expansion Beam‘ que consegue consolidar uma viagem transcendental em menos de quarenta e cinco minutos. A duração de seu som é um ponto bastante positivo também, pois prova que música instrumental não precisa ter mixagens longas e cansativas. Tudo é devidamente encaixado aqui, desde sua abertura triunfal até um encerramento insano com ‘MYSTIK‘.
Sem utilizar palavras, The Comet Is Coming é capaz de falar muito sobre futurismo de forma experimental e ainda assim temperar com um toque clássico. Toda sua discografia é um dos melhores aquecimentos para shows que um artista pode prover, pois cada disco é único sem perder o contato direto com o irmão mais velho.
Em sua futura apresentação algumas faixas devem marcar presença, como ‘Summon The Fire‘, ‘CODE‘, ‘TECHNICOLOUR‘ e ‘Journey Through The Asteroid Belt‘. Além de tudo isso, cada instrumento costuma ter seu momento de brilho pessoal em um solo durante o set.
Não há um guia definitivo para entrar de cabeça em seus trabalhos, mas serve como dica dar uma olhada nas apresentações tanto grandes, quanto pequenas do trio. O barulho do som pode ser um pouco demais para ser compreendido no começo, mas uma das maiores qualidades de suas músicas é seguir um caminho que vai se desdobrando durante sua duração.
A sensação é de que a banda pega o ouvinte não pela mão, mas pelo pescoço, e vai arrastando quem os ouve por túneis sonoros tão longos que no meio do caminho não existe mais vontade de voltar para o ponto inicial.
The Comet is Coming toca no domingo, 21 de maio em São Paulo.
