Em 2005, meu vício adolescente era assistir The OC. Eu sempre tive uma relação de amor com música, mas a série foi um marco na minha vida. Foi assistindo as primeiras temporadas que eu conheci várias bandas queridas pra mim até hoje como Rooney, Spoon, Rilo Kiley, The Killers e, é claro, Death Cab For Cutie.
Além da comunidade de discografias do Orkut, meu melhor amigo pra conhecer novos sons era o Limewire. Lá fui eu procurar mais coisas da banda e esbarrei com o Transatlanticism. O combo adolescência + “A Lack Of Color” foi fatal e me apaixonei perdidamente por tudo o que eles lançavam. Então veio Plans, uma virada tanto na história da banda quanto na minha.
Para o Death Cab For Cutie, o disco foi o primeiro lançamento pela gravadora Atlantic Records e também catapultou a banda pro mainstream com “I Follow You Into The Dark”. Enquanto isso, em São Bernardo do Campo, Plans era a trilha sonora do meu primeiro beijo, meu primeiro amor, meu primeiro coração partido e de muitas outras primeiras vezes que vivi naquela época.
O álbum é um convite a um mergulho sem volta nas nossas emoções. Quanto mais adentramos, mais somos cercados pelos nossos medos, nossa solidão, nossos “e se?”. Entre “Marching Bands Of Manhattan” e “Bad Reputation”, vamos dissolvendo o que somos entre o que foi e o que será. É uma viagem só de ida.
Quantos planos fizemos e deixamos para trás? Quantos amores vieram e foram, quantos sonhos deixamos de sonhar e o quanto nos perdemos de nós mesmos?
Em 2018 – ano em que o Narrow Stairs completou 10 anos – a banda se apresentou pela primeira vez no Brasil, no Popload Festival. Foi um dos melhores line-ups da história do festival na minha opinião, mas não eram muitas pessoas que estavam ali pra ver a banda tocar. Até eles reconheceram que o que aconteceu ali quando começaram a tocar I Follow You Into The Dark foi algo especial. No vídeo dá pra ver o Nick Harmer (baixista e backing vocal) admirado assistindo a plateia cantar junto com o Ben.
Quinze anos se passaram, mas Plans continua atual. Parte porque as inquietações que as composições de Gibbard despertam continuam reverberando dentro de nós e parte porque nossa jornada em busca de conexão é o que nos faz humanos. Num ano de tantos planos desfeitos e vidas perdidas, mais do que nunca, i want to live where soul meets body.