Contém spoilers de WandaVision*
Quando WandaVision estreou já sabíamos que a série representava um grande passo para o MCU e que com certeza seria o pontapé inicial de um futuro enorme preparado pela Marvel. O episódio final da série chegou com tudo para provar por A + B que não estávamos errados e coroou a produção como um marco na história sobre super-heróis.
O episódio final da série se distanciou um pouco das inúmeras teorias dos fãs (que comentamos aqui), acrescentando em seu roteiro apenas algumas das suposições dos espectadores. Apesar de não abrir o universo da Marvel para a criação direta dos mutantes como era esperado ou nos apresentar um grande vilão da Dinastia M, WandaVision conseguiu cumprir seu papel e dar vida de verdade a sua personagem principal.
Desde que surgiu nos filmes da Marvel, Wanda era apenas Wanda, alguém com poderes pouco conhecidos e uma história de vida complexa, mas que ainda assim, era tratada como um personagem coadjuvante. WandaVision foi desenvolvida para tirar ela deste lugar e torná-la uma protagonista da nova era. Agora é oficial, a Feiticeira Escarlate nasceu e pelo tamanho de seus poderes é tão grande e tão importante quanto o próprio Mago Supremo (cargo ocupado pelo Dr. Estranho – aí está a conexão com o segundo filme do herói).
O legal de toda a construção de Wanda Maximoff na série é que pudemos conhecer mais a fundo a vida da personagem e sua história (ainda não ligada à de seu verdadeiro pai – porém já existem teorias deste acontecimento baseadas apenas no novo visual da heroína), tudo isso com alguns elementos muito fiéis aos quadrinhos. De certa forma, a vilã Agatha Harkness cumpriu seu papel indiretamente ligado aos quadrinhos e no fim das contas ela foi de fato a mentora de Maximoff e a responsável pelo surgimento da Feiticeira.
A produção não só cumpriu o papel de nos mostrar quem é Wanda, mas também serviu de forma incrível ao segmento das séries. Gerou um grande burburinho, ótimas teorias e levou o público específico do cinema (e até mesmo os que não se encantavam pelo MCU nas telonas) a se interessar ainda mais pelo universo dos quadrinhos, pesquisando e buscando informações para justificar os acontecimentos na série.
WandaVision foi capaz de fazer coisas que uma série atual precisa para se destacar e ainda homenagear outras produções marcantes, por meio das memórias de infância de sua personagem central. Ela pode não ser o grande marco das séries, mas sem dúvida representou inovação na forma de construção desse universo, unindo de forma muito bem-feita um conjunto de filmes à uma produção para televisão e tudo isso em apenas 9 episódios.
E o que é que vem aí para a Marvel?
Ao ser anunciada (e no decorrer da temporada) muitos achavam que a série não conseguiria entregar tudo o que precisava em apenas 9 episódios, mas este foi um ledo engano, já que WandaVision conseguiu responder as perguntas que precisava, instigar os fãs e deixar fios suficientes para conectar suas próximas aventuras, sejam elas novas ou aquelas que já estão no meio do caminho.
Pelo teor do episódio final aliado às 2 cenas pós-créditos, dá para ter muitas ideias do que está por vir ou pelo menos do que os fãs têm vontade de ver sendo explorado neste universo. Isso pode inclusive ser um ótimo termômetro e um bom combustível para os roteiristas e criativos da Marvel. Além do filme solo Feiticeira Escarlate e de sua ligação com Dr. Estranho e o Multiverso da Loucura (que pode significar a existência de algo ainda mais perigoso e maligno no futuro – dado o uso do Darkhold e as vozes ouvidas por Wanda), temos margem para uma produção que explore melhor quem é Monica Rambeau – que com certeza terá Nick Fury envolvido na história –, seus novos poderes e a profundidade de sua relação com Carol Danvers (a.k.a Capitã Marvel).
Além disso, a série não nos respondeu muito sobre o futuro do Visão Branco, ele agora possui as memórias do personagem original e por hora desapareceu. Ela ainda nos concedeu a presença de um Skrull, raça que originalmente aparece no pós-créditois de Homem-Aranha: Longe de Casa e que possivelmente está ligada com Capitã Marvel 2 e com o desenrolar da história de Monica. Isso sem falar nas próximas séries do MCU na Disney+, há com certeza material suficiente para desenvolver mais uma gama de produções de alto escalão da produtora.
Um momento de luto que reflete mais do que o MCU
De modo geral, após os eventos de Vingadores: Ultimato, todo o MCU agora lida com este luto. Peter Parker tem sobre os ombros o peso da morte de Tony Stark, assim como o Soldado Invernal e o Falcão, possivelmente terão que lidar um pouco este cenário e com a responsabilidade recebida do Capitão América. O Dr. Estranho também não fica longe desses efeitos, ainda mais com Wanda dando as caras em seu filme e é possível que Capitã Marvel terá que encarar uma Monica Rambeu bem ressentida.
O fato é o mundo perdeu muito com blip e os sobreviventes terão que remontar os cacos desse ocorrido, além de enfrentar seus próprios sentimentos com relação a tudo isso. É importante dizer que antigos heróis precisam morrer para que os novos possam nascer, isso é muito claro nos quadrinhos (embora por muitas vezes se ache uma forma de trazer os mais velhos de volta).
É impossível não relacionar o timing da série e de tudo que ela levanta relacionado a perda, quando estamos vivendo o período mais assustador da humanidade. Lidar com a morte é a coisa mais difícil da vida e muitas vezes é quase impossível. A Marvel sem querer relacionou seu universo heroico com o mundo, o que no geral, sempre teve pouca relação, salvem-se lá algumas metáforas. Não foi com este propósito WandaVision explorou o luto, mas mesmo como ficção, falar do luto e da agonia da perda em 2021 se encaixou como uma dolorida luva nas mãos de muitos de nós, senão de todos.