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Crítica | Love, Death + Robots se escora no visual em seu segundo volume

Se apoiando somente do apelo visual para enriquecer os olhos de quem vê, o 2º volume de “Love, Death & Robots” não reluz tanto quanto o 1º.

A primeira coleção de Love, Death +& Robots teve 18 episódios. Os capítulos e histórias introduziram ao mundo histórias criativas com visuais de cair o queixo. Após esse acerto certeiro, a expectativa para o volume dois era grande. Obviamente o telespectador queria ver mais de toda aquela originalidade, já que a produção além dos pontos citados acima, é também extremamente deliciosa de se acompanhar.

Sexta-feira passada, dia 14, os novos episódios pousaram no catálogo da Netflix, somente 8. Esse número é a metade de capítulos do primeiro volume, e isso aliado a um fator único (a narrativa), traz a metade da emoção vista no ano de estreia. O número de episódios não é um problema, mas em decorrência de tudo que é colocado em tela, acaba deixando um ar de “quero mais” que não é o usual.

O sentimento em acompanhar a uma nova história em todo capítulo ainda é de euforia, mas que honestamente, não perdura por um bom tempo por escorar-se no deleite visual e deixar de lado o aspecto narrativo. As novas aventuras aqui às vezes soam rápidas demais e sem conclusão e, quando não é isso, é a falta de jornadas viscerais e loucas que o telespectador pôde esperar após o primeiro coleção.

Para abrir a temporada, temos “Atendimento automático ao cliente”. Aqui entra em cena um mundo habitado apenas por idosos sob os cuidados de robôs que fazem praticamente tudo. A narrativa é a mais simples possível e não entrega nada demais até o seu fim, mas os visuais dos personagens sem nomes e a paleta de cores clara são bonitas. E essa primeira prévia já ilustra o que a gente vai ver no novo volume inteiro: visuais insanos mas que não são tão bem contemplados narrativamente.

Isso se distribui com “Gelo”, os ares visuais mais tranquilos e claros do primeiro capítulo não se resplandecem no mundo caótico e escuro desse aqui. Uma cidade cyberpunk lotada de elementos e pessoas com habilidades são desenhados de maneira única e dentro dessa coleção, é a trama com o estilo mais autêntico; quanto a história, a simplicidade vista no primeiro se repete, mas se dissemina melhor.

“Esquadrão de extermínio” e “Snow no gelo”

São esses dois capítulos que juntos possuem menos de 40 minutos que mostram o maior nível de originalidade vista no primeiro volume da série acompanhada do seu bem mais atraente: o visual. “Esquadrão de extermínio” possui uma história alarmante onde o mundo passa desistir da sua capacidade de reprodução e optar pela imortalidade. O protagonista fragmentado carrega consigo o melhor do episódio e seria super prazeroso ver mais 1 hora dele e dessa realidade caótica.

Com “Snow no deserto”, o volume acerta duas vezes seguidas e falando do mesmo assunto visto no anterior, a imortalidade. O mundo aqui é ricamente construído, mesmo não nos sendo mostrado basicamente nada, mas se emerge brilhantemente através dos efeitos que beiram a perfeição, algo usual da série. Essas duas histórias evidenciam a complexidade da produção e são completos no que se propõem e são a melhor coisa da coleção de novos episódios. Sendo completos e riquíssimos.

Passado esses momentos com os trunfos desse volume dois, a gente retorna ao simples quanto a narrativa vista aqui com “A grama alta”, que poderia muito bem se estender um pouco mais, mas é bonito de se ver, já que se monta usando apenas duas cores; com “Pela casa”, o menor episódio, mas um dos melhores onde a história do papail Noel ganha uma releitura super criativa e dentre todas as outras histórias, é a que mais se finaliza melhor, não deixando arestas; e com “Gaiola de sobrevivência”, que é de longe a coisa mais fraca de todos os outros episódios e não brilha em nenhum momento, o que é triste já que é estrelado pelo Michael B. Jordan.

Em seu fim, Love, Death + Robots decide retomar o fôlego e entrega um capítulo incrível para refletir sobre vida e morte, mas que vai muito além disso. “O gigante afogado” possui em seus 14 minutos a narração de um cientista sobre um corpo gigante que aparece em uma praia. A situação pelas palavras da prosa do narrador evoca reflexão pura sobre moralidade, humanidade, respeito e outros temas que aparecem unicamente para cada telespectador. O capítulo inteiro não se eclode e decide ficar até o seu fim com a especulativa que nos é acesa por aquele enorme corpo que também teve uma vida em meio as minúsculas pessoas que o examinam de maneira rasa.

Como um todo, a coleção de novos episódios não funciona, e é melhor analisar ao programa com essa nova amostra do rebuscado poder cinematográfico analisando apenas o formato antológico, porque alguns episódios parecem simplesmente não evocar nada. Ainda assim da pra ficar muito ansioso para o volume três e captar o gigantesco traço de ousadia que aparece por todos os lados.

Nota: 65/100

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