Dirigido por Giorgio Diritti, o longa-metragem é a mais recente cinebiografia já produzida sobre a história de Antonio Ligabue, um emblemático artista italiano conhecido pelas tragédias que o assolaram, mas fervorosamente celebrado por seu pioneirismo e importância no movimento naif. Dando vida ao pintor temos o brilhante Elio Germano, cuja atuação lhe garantiu o Urso de Prata em 2020.
Desde o início, já nos deparamos com um passado extremamente sombrio e com as violências sofridas pelo pequeno Ligabue. Materializadas na forma de abandono, exclusão e bullying, essas questões apenas dificultaram a aproximação de Toni, como muitos o chamavam, de se integrar àqueles que estavam ao seu redor, facilitando e, de certa forma, incentivando o seu isolamento. Acentuadas por questões de saúde mental, as problemáticas enfrentadas pelo artista cravaram o seu destino solitário, mas, por outro lado, foram canalizadas por meio da arte.
Apesar de suas dores, Ligabue encontra na pintura a melhor maneira de se expressar e de se posicionar no mundo. Cada pincelada é uma tentativa de se encontrar, de se comunicar e de concentrar a inquietude que o move em algo positivo. Vale destacar a linguagem contrastante que é utilizada para situar a realidade em que Toni se encontra: mesmo diante de uma Itália tomada pelo fascismo, os cenários que contornam a trama são sempre marcados por um tom pacificador e sereno, fator que diverge do estado de espírito do protagonista, normalmente bastante imprevisível.
Diante do comportamento peculiar, fruto de seus traumas e enfermidades, seu viés artístico se apresenta como instintivo e primitivista, onde o destaque são as formas animalescas e selvagens que pinta e esculpe. Nesse ponto, a forma como Germano caracteriza o personagem é essencial para nos envolvermos e nos emocionarmos com a história de uma das figuras mais emblemáticas da tradição artística italiana.
Premiado internacionalmente, “A Vida Solitária de Antonio Ligabue” pode ser assistido na plataforma Cinema Virtual.