Mesmo com Marisa Orth e Daniel Boaventura reprisando seus papéis anteriores, o musical inteiro foi repaginado, com cenários impecáveis, piadas atualizadas, com músicas reformuladas e novas coreografias, o espetáculo conseguiu se reinventar dentro da mesma história que havíamos conhecido há 10 anos.
Com produção da T4F Entretenimento, uma das famílias mais excêntricas das histórias volta aos palcos a partir do dia 10 de março e fica em cartaz até 31 de Julho, no Teatro Renault em São Paulo com duração de 2 horas e 30 minutos. Diferente da primeira versão que tinha a direção do americano Jerry Zaks, essa nova versão conta com o olhar do italiano Federico Bellone. As sessões são de quintas e sextas, às 21h; sábados, às 16h e 21h; domingos, às 15h e 20h, os ingressos podem ser adquiridos pelo site da Tickets for Fun.
“É relaxante poder falar sobre morte, nojo, bichos escrotos e maldadezinhas […] A gente tem prazeres agressivos. Todo mundo tem um pouquinho de Addams dentro de si.” comenta Marisa Orth sobre a peça.
A história se desenrola no drama de Wandinha (Pamela Rossini), que se apaixona por um garoto “normal”, Lucas Beineke (Dante Paccola) e no momento em que ela decide apresentar sua estranha família aos pais do moço em um desastrado jantar. A mansão assombrada se completa com os atores Tiago Kaltenbacher (mordomo Tropeço), Bernardo Berro (Tio Fester), Rodrigo Spinosa e Raphael Souza (Feioso), e a atriz e cantora Liane Maya (Vovó). Nos papéis dos Beineke, o ator, cantor e músico Fred Silveira (Mal Beineke), e a atriz e cantora Kiara Sasso (Alice Beineke).
O musical ganha seu público do primeiro segundo, quando aparece apenas uma mãozinha no centro do palco anunciando o começo da peça, até os segundos finais, com os agradecimentos. Com cenários deslumbrantes e uma pegada mais sexy, Addams traz uma crítica certeira ao que é normal e moral, usando como pano de fundo a necessidade de aceitar o diferente do jeito que ele é em vez de tentar modificá-lo. Marisa Orth, mais uma vez, entrega uma Morticia Addams extremamente sensual, muito carismática e principalmente engraçada, o que combina muito bem com o Gomez sedutor do Daniel Boaventura.
É emocionante assistir o dueto entre pai e filha, dos personagens Wandinha e Gomez. As lágrimas derramadas pela Pamela e o olhar marejado do Daniel, enquanto cantam “Feliz, Triste” são tão genuínas que acabam atingindo os espectadores em cheio.
A peça nos pega pelos detalhes também, ao decorrer da história temos diversas referências a outros musicais, alguns já vividos por atores que estão em cena, quase como uma brincadeira aos amantes de teatro musical mais antigos. Os figurinos estão mais detalhados e modernos, em especial o de Marisa Orth e Kiara Sasso, ambos criados pelo Fábio Namatame e para o cenário fica em destaque a mansão dos Addams, uma imensa estrutura funcional e inteligente no centro do palco do Teatro Renault, que encanta a todos desde o primeiro vislumbre, criação do Federico Bellone que mostrou grande técnica e bom gosto nessa criação.
Outra curiosidade que não encontrávamos na versão anterior é o ensemble, que nessa montagem não deixa o palco em momento algum. E o que pode ser encarado como um problema, na verdade, faz com que o espetáculo funcione muito bem. Além de se camuflarem no próprio cenário, em alguns momentos, interagem de forma orgânica com os elementos que fazem as cenas fluírem.
A nova montagem de Família Addams fez o ano começar muito bem, o musical foi feito para encher os olhos de quem assiste, seja com músicas, com interpretações e vozes de tirar o fôlego, ou com os cenários que a cada momento surpreende mais.