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Crítica | Lauv, “All 4 Nothing”

Com All 4 Nothing, Lauv aposta em um melhor equilíbrio entre o sentimentalismo de sempre e aflições internas.

Todo e qualquer artista que enfrentou o pico e o período mais difícil da pandemia do COVID-19 tem problemas até hoje para voltar ao normal, seja alguém independente ou vindo de uma grande gravadora. Por isso, quando se fala em ter dificuldades para voltar aos palcos ou sequer gravar um novo trabalho, enxergar os obstáculos é algo automático, não precisando ser do ramo para entender o quanto deve ser difícil para quem vive de arte.

Um artista que claramente sofreu muito com isso é Lauv, e esse sofrimento se estendeu para seus fãs brasileiros, que tiveram uma tão aguardada vinda ao país sendo cancelada. Agora, alguns anos após e com um clima não tão aterrorizante, o cantor finalmente lança seu segundo disco; All 4 Nothing. Feito com calma e muita vontade de mostrar o quanto se reconectar consigo mesmo foi o passo mais essencial nesse projeto.

Lauv por Lauren Dunn (créditos/reprodução)

Um dos melhores pontos do disco é deixar claro o quanto ter sido feito para si mesmo foi o que o deixou mais fácil de ser digerido. Suas faixas funcionam como uma autoterapia, só que de forma aberta, não para que os ouvintes tentem entender o que ele pensa ou vive, mas sim para que sejam testemunhas da forma como ele dialoga com seu eu interior.

Lauv não dá abertura para que isso seja uma experiência conjunta, mas pede licença para que primeiro diga como ele se sente. A forma como age é humilde, não havendo nenhum resquício de auto centrismo ou egoísmo, é de forma educada que ele metaforicamente estende uma projeção e demonstra passo a passo de onde saiu e para qual lugar quer chegar com as palavras que canta.

A voz doce, quando acompanhada por produções mais frenéticas funciona da melhor maneira possível, fazendo com que ‘”Summer Nights” e “Bad Trip” se destaquem facilmente entre tantas que apostam em uma abordagem mais tímida. Em certos momentos tanta aflição interna pode cansar um pouco, chega a ser piegas o quanto ele narra e faz balanços entre seus sentimentos e experiências aparentemente libertantes. Isso só acontece pois é um tema que permeia por quase todo o álbum, o que pode acabar afastando quem não tem conhecimento prévio da carreira do cantor. Para quem aproveitou sua estreia com ~ how i’m feeling ~ este segundo passo é um avanço positivo no quesito sentimental.

Lauv por Lauren Dunn (créditos/reprodução)

A evolução do equilíbrio pessoal é o gosto que ‘All 4 Nothing‘ deixa na boca, ainda há pontos a serem melhorados, mas mostrar que está em um caminho constante rumo a um aperfeiçoamento musical é o que deixa a chama acessa. Lauv ainda não se arrisca tanto sonoramente, preferindo aprimorar os lugares seguros que conhece e focando em uma conexão maior com aqueles que já tem intimidade com sua personalidade.

Sua evolução funciona em pequenas doses, mas é sólida o bastante para nunca dar passos para trás, e se isso causa qualquer tipo de pensamento positivo é certo dizer que ainda não vimos o que ele tem de melhor para apresentar ao mundo.

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