Às vezes, o que determina se um filme é realmente um clássico é se ele sobrevive ao teste do tempo; mas, em outras, é justamente o passar dos anos que os condena — ou, melhor, os cancela — para as audiências de hoje em dia.
Sejam longas que envelheceram do romance ao terror, como Passengers (2016), que pela visão da personagem de Jennifer Lawrence é pouco apaixonante e muito assombroso, ou por aqueles que mostram que são datados por meio de diálogos recheados de preconceito, caricaturas racistas e machismo casual (todos típicos de décadas mais antigas), é relativamente fácil para o interlocutor atual encontrar uma problemática ou um filme que, simplesmente, envelheceu mal.
Por outro lado, outros foram da água ao vinho. Ou pelo menos, permanecerem como vinho, e apesar de terem sido produzidos há vinte, trinta ou cinquenta anos atrás, se mantêm em seu lugar especial na história do cinema.
Confira cinco filmes clássicos que não foram cancelados ainda — e que, provavelmente, não irão fazer você pensar “isso nunca passaria hoje em dia” na duração:
O Mágico de Oz (1939)
A única coisa que evidencia que ‘O Mágico de Oz’ tem mesmo 85 anos são os efeitos especiais. Um clássico incontestável e uma das produções mais icônicas de todos os tempos, o filme é contado e revisitado de diversas formas até hoje, contando com spin-offs como musical ‘Wicked’ e o seriado ‘The Wiz’, de 1978.
Com a trama fantasiosa que leva Judy Garland (Dorothy) em aventuras pela terra de Oz, é difícil cancelar uma história tão simples e cheia de significado. Enquanto os bastidores são controversos, o longa-metragem em si passa intacto, mesmo com anacronismos.
Disponível pelo Max e Prime Video
Jurassic Park – Parque dos Dinossauros (1993)
Dinossauros, crítica ao avanço desenfreado de tecnologia e animatrônicos. Não tem como errar com ‘Jurassic Park’.
Enquanto as sequências da franquia podem ter um problema ou outro, o primeiro volume de ‘Parque dos Dinossauros’ é preciso com sua escrita bem-humorada — e sem ser ao custo de atacar minorias — e foi à frente do seu tempo com os efeitos visuais.
Disponível pelo Disney+, Prime Video e Apple TV
O Show de Truman (1998)
Aclamado tanto pela crítica como pelos editores de vídeo do TikTok, ‘O Show de Truman’ permanece atual mesmo 25 anos depois. Sobre um homem cuja vida inteira é filmada como se fosse um reality show, o filme discute a onipresença e até o monitoramento da tecnologia de nossa realidade — isso antes até de celulares, redes sociais e BBBs virem a existir. Então não somente o longa não foi cancelado, como ele ressoa melhor hoje em dia.
Disponível pelo Prime Video
Cidade de Deus (2002)
‘Cidade de Deus’ não segue a fórmula de vilões contra mocinhos; e, por ser tão real e provocativo, conseguiu envelhecer como vinho. Baseado no livro homônimo de Paulo Lins, a profundidade da história contextualiza as problemáticas relacionadas ao crime organizado e trabalho infantil, sem romantizações, pirotecnias ou a dramatização de uma vida de violência e dificuldades. Ou seja, apesar de retratar histórias canceláveis, a produção não é cancelável em si pelo seu tato ao abordá-las.
O estilo slice of life do longa brasileiro garantiu que ele debatesse questões sociais com sensibilidade e aliado à cultura da época, revolucionando o cinema nacional e cravando a sua posição como um clássico mundial em uma indústria tão anglicana.
Disponível pelo Max, Netflix, Prime Video, Globoplay
2001: Odisséia no Espaço (1968)
Com no máximo 20 personagens ao todo — e isso incluindo os não-humanos —, ‘2001: Odisséia no Espaço’ conseguiu transcender a década de 60 ao se posicionar como um dos maiores e favoritos filmes de sci-fi entre os cinéfilos. Aberto a diferentes interpretações e construído ao redor de sua crítica à tecnologia, evolução e até Inteligência Artificial, o ponto forte do filme é justamente a discussão da humanidade como um todo; de onde viemos e como nos separamos, apesar da origem comum.
Disponível pelo Prime Video e Apple TV
