O cenário musical LGBTQIAP+ no Brasil tem tomado proporções cada vez maiores dentro do mainstream. Diante disso, o pop tem abraçado a comunidade que, antes, tinha um espaço contido, ou mesmo escondido, dentro do mundo fonográfico nacional. Dessa forma, novos artistas e novas sonoridades surgem todos os dias e revelam facetas que conquistam o público com a sua pluralidade de ideias e de vivências. Foi assim que aconteceu com CHAMELEO.
Leonardo Fabbri, conhecido pelo nome artístico CHAMELEO, é um artista independente de 29 anos que nasceu em Curitiba, no Paraná. Começou sua carreira em 2014 como cantor, lançando a faixa “Oblivious Desires”. Após isso, o músico só retornaria para as plataformas três anos depois, em 2017, com o lançamento da música “Better Land”.
Desde então, ele já acumula três álbuns lançados e diversos singles e remixes, além de colaborações com nomes conhecidos no país como Pabllo Vittar, Jhonny Hooker e DJ Rennan da Penha. Seu nome artistico nada mais é do que a palavra “camaleão” traduzida para o inglês. Por sua vez, a inspiração veio do próprio animal, que é conhecido pelas constantes transformações e trocas de pele — e de transformações ele entende.
Desde criança, CHAMELEO deixou sua veia artística exposta. Aos sete anos, ingressou no curso de teatro. Anos mais tarde, já adulto, foi para os Estados Unidos e se formou em produção sonora na Universidade da Califórnia (UCLA), além de ter vivido também dois anos na Austrália.
Quando retornou ao Brasil, foi para São Paulo em 2016 e deu início à sua carreira de forma ainda mais forte na cidade “onde tudo acontece”. Contudo, como nem tudo são flores, 2018 reservou um desafio para CHAMELEO: um diagnóstico de câncer no pulmão.
De acordo com Leo, essa experiência o tornou mais seguro de si próprio. “Eu era muito inseguro de várias maneiras, mas a partir da doença isso mudou. Passei a ser mais ligado no hoje e deixei de lado os medos e as amarras. E isso ocorreu durante o tratamento, quando escrevi muitas músicas, gravei clipe careca. Hoje sou uma versão melhorada de mim, apesar das dificuldades”, explicou em entrevista para a Revista Quem.
Com um novo mundo a ser descoberto, a sua arte e a nova vida em São Paulo foram as válvulas de escape para colocar para fora a sua maior essência. Foi nesse momento, após superar a doença, que ele atingiu sua autoaceitação como uma pessoa gay — “ou não-binária”, como diz ele — e colocou todo esse sentimento em música. Em arte.
As eras — como são chamadas fases artísticas — de CHAMELEO representam cada fase de transformação da sua vida. Suas letras traduzem cada sentimento que ele viveu durante os diferentes períodos daquela parte vivida. Sua sonoridade muda de acordo com suas fases. Sempre envolto por uma capa do pop nacional, ele já transitou por batidas melódicas e pop mais depressivo, até chegar no eletrônico envolvente e completa elétrico.
“ECDISE”, álbum lançado em 2021 e que levou seu nome para fora de uma pequena bolha, representou toda a jornada de trabalho como cantor, desde a saída do sul do país, até a mudança para São Paulo e o início de trabalhos mais profundos e maiores. Agora, já na era “ALTA TENSÃO”, ele traz à tona um trabalho mais íntimo e forte e mostra fragilidades, força e coragem de olhar para um futuro incerto e cheio de ansiedades.
Quais os próximos passos de CHAMELEO? Ao que tudo indica, o futuro ainda é incerto para o artista em termos de trabalho. Atualmente, o artista está em turnê, divulgando o álbum ALTA TENSÃO. O primeiro show desse trabalho aconteceu em abril de 2024 no festival Hopi Pride. Por isso, ainda não há notícias sobre o que vem por aí. Contudo, sabemos que essa era do cantor — que é a segunda oficialmente trabalhada em âmbito comercial — deixa portas abertas para novas experimentações. Afinal, CHAMELEO precisa de mudanças e com elas, surgem novos passos em uma carreira que floresce a cada projeto posto na rua.