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Bebé mostra a identidade brasileira nos sons do jazz

De 20 anos e quase dez de carreira, a artista apelidada de ‘reencarnação’ de Billie Holiday mostra que não tem medo de ousar

“É doido pensar na perspectiva que as pessoas têm de mim. Na minha visão, eu sou tipo uma eterna criança”, declarou a artista Bebé Salvego, 20, ao Harper’s Bazaar. E de fato — a trajetória da artista dentro da música nasce, justamente, na infância: de uma família de músicos e artistas, a paulistana mergulhou pela primeira vez nesse universo aos oito anos, onde circulava em projetos focados em música brasileira infantil, e já tanto participou do The Voice Kids e como foi prestigiada, aos 11 anos, por Jô Soares, que viu nela uma ‘reencarnação’ de Billie Holiday. 

Com uma bagagem de dez anos de carreira, grande paixão pelo jazz e experimentalismo em sua sonoridade, que transita entre o indie pop, house, hip hop e R&B, Bebé não é estranha aos ouvidos dos brasileiros. A artista introduziu seus trabalhos autorais em apresentações nos festivais Primavera Sound São Paulo, em 2022, e Coala Festival, em 2024, além de ter marcado presença nos principais palcos do país, como Sala São Paulo, Casa Natura Musical, Circo Voador, Áudio e Sesc Pompéia.

Bebé Salvego para a Harper’s Bazaar

Em 2021, a cantora se apresentou, aos 17 anos, na cena musical brasileira com o LP homônimo “Bebé”. Contemplado pelo projeto ProAc e com participações de Ana Frango Elétrico, Fabriccio e Lello Bezerra, o disco transita entre o R&B, neo-soul e bedroom pop em dez faixas de pouca duração. Camadas instrumentais, destreza vocal e composições confessionais e carregadas de referências integram o projeto, que nunca deixa de remeter ao gênero de Nova Orleans que a aproximou do ramo: “O jazz foi minha escola e me trouxe experiências incríveis, como cantar em uma orquestra,” relembra a compositora.

Aos 20, após três anos de hiato dos estúdios, lançou “SALVE-SE!”, uma mistura eclética de ritmos e letras introspectivas, pela Coala Records. Com uma camada a mais de maturidade, que dedura o tempo que, naturalmente, passou entre um álbum, a coletânea de dez canções reforça a destreza que Bebé tem em se entregar a novos gêneros e a expressividade emocional que carrega nos seus vocais e nas suas letras. Recheado de alma e identidade, o álbum convida colaborações de renome, como Dinho Almeida, do Boogarins, e o rapper BK’, a discutir temas de superação de conflitos e, sobretudo, o autoconhecimento.

Bebé Salvego para a Harper’s Bazaar

“Dei de cara com a vida adulta no processo de criação [de “SALVE-SE”]. Estão fazendo a comparação de o primeiro disco ser um sonho, enquanto o segundo é sobre a realidade. Eu vim para São Paulo, conheci pessoas, umas bem intencionadas, outras nem tanto. Também dei de cara com as estruturas do mercado, claro que com indignação, mas com algum conforto. Não quero me conformar a ponto de me entregar para as indignações da vida e do sistema. Esse disco é como um desabafo, ou uma carta para a Bebé do futuro”, reflete ao Monkeybuzz.

E ainda começando a cunhar seu espaço no R&B, jazz e até no trap e hip hop, Bebé Salvego se consolida como uma das grandes promessas da música brasileira, que não tem medo de ousar — ou de usar, literalmente, a sua voz.

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