O disco Dois – que, apesar do título, é seu primeiro álbum – traz pela primeira vez o lado artista e compositor de Felipe F., que possui uma longa carreira como músico, trilheiro e cantor e guitarrista de grupos como o Bloco do Sargento Pimenta e Bailão. As canções que compõem o disco impressionam pela profundidade das letras e beleza das melodias, trazendo o ouvinte para dentro das histórias cantadas por Felipe. Apesar da complexidade das experiências relatadas nas letras, a poesia de Felipe é simples, sem floreios, direto ao ponto e, quando fala de relacionamentos, sem medo de colocar o dedo na ferida.
Ao longo de nove faixas, o disco transita com naturalidade entre os gêneros, mas sem se limitar a um caminho só. Por vezes o disco remete a artistas contemporâneos que não têm medo de esgarçar as barreiras do pop, como St. Vincent, Beck e Sufjan Stevens, ora traz ecos de Leonard Cohen, Nick Drake e Jeff Buckley, mas sem deixar de lado as influências latina e brasileiras, como no singelo bolero (com ares pop) Recoleta e na penúltima faixa, A Poesia, um choro canção tradicional que poderia muito bem estar em um disco de Paulinho da Viola ou de Lupicínio Rodrigues.
“Decidi chamar o álbum de ‘Dois’ pois as letras são inspiradas nos meus dois últimos relacionamentos amorosos, seja pelo otimismo do começo ou a tristeza lancinante do fim. E é também uma piada interna se chamar assim e ser meu primeiro disco, causando uma proposital confusão – talvez uma piada que ninguém além de mim ache graça (risos)”
O disco foi inteiramente produzido por Felipe, fazendo uso da sua extensa experiência como instrumentista e produtor musical. Vencedor do prêmio de Melhor Música no Fashion Film Festival Milano de 2023, Felipe também traz na bagagem trabalhos como as trilhas sonoras do longa-metragem Mãe Só Há Uma, da diretora Anna Muylaert, do programa Seleção Brasileira, Paixão De Um Povo, da HBO, Suburbanos, do Multishow, e das séries As Canalhas, do GNT, e Jogos do Mundo, da Globo.
“O trabalho como compositor de trilhas para TV, streaming e cinema também foi muito importante no desenvolvimento dessa versatilidade artística. Muitas vezes num mesmo dia ou semana eu precisava compor, fazer o arranjo e gravar um rock psicodélico, uma base de funk carioca, um house e um samba de gafieira”, conta ele, que deu seus primeiros passos na produção e por anos trabalhou no Monoaural, lendário estúdio carioca capitaneado por Kassin, Berna Ceppas e Daniel Carvalho, onde foram gravados álbuns de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Los Hermanos, Adriana Calcanhotto e diversos outros.
Foi a partir daí que Felipe sentiu necessidade de produzir algo autoral, que apresentasse sua identidade e referências estéticas. “Por muito tempo me cobrei de estar dando atenção a outros trabalhos e demorar demais para lançar o meu próprio, mas depois entendi que tudo veio no tempo certo, eu precisava passar por essas etapas, toda essa experiência pra me sentir confortável de me expor através de um trabalho artístico – uma forma de exposição bastante profunda”, conclui.
O single de estreia, “Samba Elegia”, já está disponível em todas as plataformas de streaming.
