O ano era 1999, quando Chris Martin, Jonny Buckland, Guy Berryman e Will Champion se reuniram no estúdio e se preparavam para lançar o primeiro disco oficial da banda. Eles se conheceram na University College London e formaram o coletivo ainda no ano de 1996, passando por alguns nomes diferentes, como Pectoralz e Starfish, até finalmente aderirem ao nome de Coldplay em 1997. O lançamento oficial de Parachutes, no entanto, só veio a acontecer no ano de 2000.
Lançado pela gravadora Parlophone no dia 10 de julho de 2000 no Reino Unido, Parachutes foi produzido pela própria banda e, inicialmente, pelo produtor Chris Allison, que teve de sair da produção do disco, dando lugar ao britânico Ken Nelson, que produziu praticamente todas as faixas deste álbum.
Mesmo após quase três décadas, Parachutes ainda segue lembrado como um dos melhores discos não só do Coldplay, mas também como um dos melhores dos anos 2000. Carregado de grandes sucessos globais como “Shiver”, “Sparks” e “High Speed”, o debut da banda inglesa foi um sucesso de vendas e críticas, rendendo à banda um Grammy na categoria de “Melhor Álbum de Música Alternativa” no ano de 2002. Após seu lançamento, em 2001, foi indicado em cinco categorias do BRIT Awards, vencendo nas categorias Melhor Álbum Britânico e Melhor Grupo Britânico. O álbum rapidamente alcançou a posição de número um nas paradas do Reino Unido e foi certificado sete vezes disco de Platina. Nos Estados Unidos, o álbum atingiu a posição de número 51 na Billboard 200 e foi certificado por duplo disco de Platina.
Repleto de arranjos instrumentais leves e letras muito introspectivas, que em sua maioria falam sobre relacionamentos e situações melancólicas, muitos fãs da banda dizem sentir saudades dessa fase do Coldplay. O jornal britânico The Guardian descreveu Parachutes como “um dos álbuns mais incríveis do ano, apresentando canções elegantes, guitarra clássica e uma linda voz cantando”. Era o início perfeito de uma trajetória fantástica de uma das maiores bandas de todos os tempos.
Em Parachutes temos 10 faixas (11 se considerarmos a faixa escondida “Life Is For Living”) distribuídas ao longo de 45 minutos. A primeira delas, “Don’t Panic”, abre o disco muito bem, com os vocais de Chris Martin se destacando positivamente. Sua letra traz reflexões sobre a dualidade da existência humana e a beleza do mundo, mesmo com suas dificuldades. Uma curiosidade sobre esta faixa é que ela foi lançada como single em certos países, mas não no Reino Unido. Dando continuidade, “Shiver” apresenta uma pegada diferente, mais animada, principalmente pela forma com que Will Champion dá o andamento da faixa com sua bateria. Ótima música, como grande parte das presentes neste álbum.
As faixas seguintes, “Spies” e “Sparks”, seguem com o mesmo andamento no disco, com arranjos mais simples e com Chris Martin cantando suavemente sobre desejos não correspondidos e sobre a vulnerabilidade do eu lírico, respectivamente.
Em seguida, o megahit “Yellow”, considerada por muitos como a melhor música do Coldplay e, certamente, o maior sucesso de Parachutes. Esta faixa é incrível e foi a responsável pelo sucesso mundial da banda. Chris Martin e a banda optaram pelo título “Yellow” porque o som da palavra transmitia uma sensação calorosa e luminosa. A inspiração para a faixa veio de uma noite estrelada no País de Gales, o que se reflete logo no início da letra: “Look at the stars, look how they shine for you” (Olhe para as estrelas, veja como elas brilham para você).
Seu videoclipe marcante foi dirigido por James Frost e Alex Smith e foi remasterizado em 4K no ano de 2020, quando o disco completou 20 anos. Ele também foi gravado em uma praia na Inglaterra, em plano-sequência, mostrando o vocalista Chris Martin caminhando e cantando pela praia durante o amanhecer. Uma curiosidade é que a gravação foi feita em 50 quadros por segundo, obrigando Martin a cantar a música em velocidade dobrada para que a sincronia entre áudio e vídeo fosse mantida. Esta faixa não é a favorita somente dos fãs, mas também de Guy Berryman, baixista da banda, que afirmou isso em uma caixa de perguntas aberta no Instagram da banda em 2020.
“Trouble” segue a continuidade das faixas mais calmas e com letras introspectivas. O ponto alto da faixa é o piano calmo e suave, que tranquiliza e pode até emocionar o ouvinte. Depois, um breve interlúdio com a faixa-título do disco, “Parachutes”, seguida de “High Speed”, que se destaca pelo ótimo trabalho de Berryman no baixo. A faixa mais enjoativa de Parachutes é “We Never Change”, que inclusive lembra muito a segunda faixa do disco, “Shiver”. “Everything’s Not Lost” encerra o disco de uma forma sensacional, trazendo para o ouvinte uma sensação, principalmente, de esperança.
Recheado de grandes canções, praticamente todas com um significado emotivo e introspectivo, Parachutes envelheceu de uma forma esplêndida. Vinte e cinco anos após seu lançamento, continua sendo muito memorável, principalmente pelas letras de Chris Martin.