Verene lança indie alternativo da Amazônia urbana “Por Mais Uma Semana”

Criada em Belém do Pará, a Verene é uma jornada musical alternativa direto da Amazônia urbana. É dançante, visceral e permeada por lirismo existencial.

Direto da Amazônia urbana, o grupo Verene apresenta seu primeiro disco de estúdio, Por Mais Uma Semana, um trabalho que transforma a vulnerabilidade em força e a exaustão em movimento. O álbum nasce da travessia entre noites insones e dias de chuva, despedidas e recomeços, revolta e esperança. Dessa forma, nada mais são do que crônicas da vida real: fragmentos de uma geração que oscila entre o colapso e a vontade de seguir em frente.

A banda paraense iniciou o ciclo de lançamento do disco com dois singles que traduzem a urgência emocional de uma geração à beira do colapso. “5×2” é um protesto dançante contra a rotina sufocante e o esgotamento coletivo. A música confronta o modelo de vida baseado em trabalho exaustivo. Assim, idealiza o corpo em movimento como espaço de libertação e crítica. Enquanto isso, “Líquido” mergulha na fluidez dos sentimentos e no amadurecimento emocional, refletindo sobre a aceitação da dor como parte do viver. Em paralelo, as faixas revelam duas faces do mesmo tempo: o impulso de explodir e a necessidade de sentir. São pontos de entrada para o espaço liminar que estrutura todo o disco — o lugar entre o desmoronamento e a reconstrução.

O indie do Norte

Exemplificando, a sonoridade de Por Mais Uma Semana mistura indie alternativo, rock brazuca, dreamgaze e a pulsação orgânica da Amazônia. O vigor do indie rock alternativo com a música pop forja uma identidade que se ancora tanto no caos de uma metrópole nortista quanto na pulsação universal de quem busca respiro em meio ao peso do cotidiano.

Formada por Berg Viana (bateria), Dionísio Fares (baixo), Felipe Palha (guitarra & synths), Gabriel Flexa (guitarra & synths) e Giovanni Zeit (voz), a Verene cria um universo sonoro que é ao mesmo tempo íntimo e coletivo. A sonoridade da banda mistura o vigor do indie rock alternativo com a música pop, forjando uma identidade singular que se ancora tanto no caos de uma metrópole nortista quanto na pulsação universal de quem busca respiro em meio ao peso do cotidiano. É dançante, visceral e atravessada por lirismo existencial.

Por Mais Uma Semana

O disco é costurado pelo conceito de espaço liminar, um território de transição, incômodo e ambíguo, em que não se trata apenas de desmoronar ou resistir, mas de habitar a estranheza e seguir em movimento. É no entre-lugar da exaustão e do desejo, da dor e da esperança, da festa e do colapso, que as músicas da Verene se estabelecem.

As dez faixas são fragmentos desse permear. “Blasé” abre o disco em tom de protesto, denunciando a submissão cultural e o apagamento histórico impostos às regiões Norte e Nordeste pelo eixo centro-sul, em uma mistura de acidez e ironia dançante. Como mencionado anteriormente, “5×2”, um dos singles de destaque, expõe a lógica exaustiva do trabalho e a busca desesperada por escape – na pista de dança, no prazer imediato ou em momentos de liberdade temporária. “Líquido”, por sua vez, se apresenta como um rito de passagem, refletindo sobre a fluidez dos sentimentos e a banalização do apego, mas também sobre a coragem de encontrar sentido e propósito mesmo em dias nublados.

O álbum se aprofunda em outras camadas de fragilidade e potência. “Atlas” fala da nostalgia amorosa e do desmonte afetivo como condição necessária para a reconstrução. “Alto Mar” expõe a sensação de deriva provocada pelo burnout e pela alienação do trabalho. “Mairi” ergue um grito ancestral de resistência amazônica, trazendo a denúncia da exploração ambiental e territorial como parte do corpo e da memória coletiva. Já “Indeciso” e “Melhor Assim” mergulham em instabilidades emocionais, na dificuldade de encerrar ciclos e na lucidez dolorosa dos términos. “Casa” aponta para o reencontro com o refúgio afetivo, íntimo e caloroso, enquanto “Pro Vazio no Roubar Seu Lugar” encerra o disco em tom de esperança, como convite à reconexão consigo e com o presente.

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