A música de Christine and the Queens ressoa como uma peça teatral

Artista francês vem ao Brasil pela primeira vez para o C6 Fest no que deve ser apresentação marcada por espírito teatral

Parece relativamente difícil para uma certa população tentar adentrar na música indo além de outro idioma que não seja o inglês. De fato pode ser estranho ir de encontro a uma nova identidade completamente afora de um tipo de filtro que já é muito comum.

Felizmente, Christine and the Queens irá lhe receber bem. Com ele, dá para se aventurar em 2 línguas diferentes. A materna, francês, e a mais falada em todo o planeta. Fica o adendo que, escutar os seus projetos entoados na fala local é como presenciar um ato épico e digno da personalidade francesa de uma peça de teatro.

O “Chris“, seu explosivo e grandioso segundo álbum de 2018, é dois discos em um, com partes que separam as músicas nos dois idiomas. Mas antes de ser fragmentado, o registro ganha em um único lado: em ser uma obra-prima.

As faixas passeiam por um tipo de estilo que dentro do álbum, cantam em plenos pulmões sua genuinidade. Não vamos achar esse electro-disco e sintetizadores significativos em mais nenhuma outra obra de Redcar.

Para escutar pela primeira vez, vale ir por “Comme si” é viva e colorida; “Doesn’t matter” é como um grito de liberdade em seus modos ágeis de mostrar como se faz música; “5 dollars“, sim, a em inglês, é marcante e talvez a menos cíclica do projeto, sempre sendo alta; e “La marcheuse“, que é o coração do disco, assim como toda a tracklist.

É muito primoroso ver como Redcar coloca tudo em execução dentro do “Chris“, as curvas sonoras e pano de fundo são ímpares. Isso ganha o dobro da massa no delicioso EP “La vita nuova“, que como em uma noite de lua cheia quente se transforma em fera indomável. O registro conta Caroline Polachek em uma das melhores faixas do repertório do artista e um filme divino.

Em sua estreia, o “Chaleur Humane”, de 2016, algumas das faixas marcam a carreira dele servindo um vínculo inexplicável para aqueles que já o conhecem a um certo tempo. Para os que querem agora, o ar de nostalgia é mesclado em músicas doces.

Christine and the Queens monta e comanda espetáculos

iT“, “Saint Claude” e “Tilted” são peças verdadeiras e essenciais para ver como parte da discografia dele é impensavelmente ouro. Pelo menos a primeira, Chris não deixa de cantar em encenações ao vivo, mesmo que deixe a maioria do tempo para o vindouro álbum “PARANOÏA, ANGELS, TRUE LOVE” (que chega em 9 de junho).

Além disso, também temos pedaços do “Redcar les adorables étoiles (prologue)“, importante disco que acentua a aceitação de Chris como um homem trans, agora, publicamente.

Escutar Christine and the Queens é entender que ele toma para si o espaço que um artista reivindica na música e o transforma em uma peça teatral, seja pelos atos dançantes (em cima do palco ele não poupa movimentos bruscos e cheio de histórias) ou pelas músicas em si, que proclamam com instrumentos, vocais e idealizações espetaculares um verdadeiro espetáculo.

Pode até parecer estranho adentrar-se na música de Redcar; no entanto, é válido apenas a tentativa. Já que suas criações até o atual momento o solidificam como um dos melhores e mais autênticos artistas hoje.

Christine and the Queens se apresenta no dia 19 de maio, sexta-feira, primeiro dia do C6 Fest em São Paulo. Ingressos já disponíveis.

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