A música salvou o Popload Festival 2022

Alvo de críticas vindas do palco e do público, o evento aconteceu em São Paulo (SP) na última terça-feira e o escutai esteve por lá

A tranquilidade pairava no Popload quando chegamos por lá, com a banda argentina Perotá Chingó terminando sua apresentação em clima de sarau folk. Enquanto isso, o episódio lamentável com a cantora Jup do Bairro espalhava faíscas pela internet. A artista, que abriu a sequência de shows, anunciou em suas redes sociais que foi boicotada pelo festival após ter o som cortado no final da sua apresentação. A organização do evento se manifestou no Instagram, mas o público não engoliu o pedido raso de desculpas e seguiu cobrando soluções.

De volta ao Centro Esportivo Tietê, novo endereço do festival e de shows internacionais em São Paulo (como o do Paramore, agendado para março de 2023), o público seguia tranquilo enquanto aguardava aquele que seria um dos maiores acertos do dia.

Escalados de última hora, após o cancelamento da apresentação do Years & Years, a Fresno mostrou mais uma vez – até quando? – que está em sua melhor forma e pronta para ocupar posição de destaque nos line-ups dos maiores festivais do país. Focado em seu repertório mais recente, o grupo convidou de surpresa a cantora Lio, vocalista da banda Tuyo, durante a faixa “Cada Acidente”, e trouxe a já esperada participação de Pitty para um momento de celebração do rock triste brasileiro, com músicas como “Máscara” e “Na Sua Estante”, além do ~feat em cima da hora~ durante “Casa Assombrada”. Este emo ficou feliz. 🥲

Em seguida, foi a vez de Cat Power subir ao palco. A estadunidense fez um show que pareceu morno após a euforia roqueira, mas bastante elegante e emocional. Visitando diferentes partes de sua obra, a artista estava feliz em estar de volta ao país.

Ao redor do palco, muita gente aproveitando as estruturas do evento, como alimentação e banheiros com poucas filas. No finalzinho da apresenta de Power, uma garoa fina logo se transformou em tempestade e provocou uma onda de capas de chuva e corre-corre. O caos logo se instaurou, trazendo à tona fragilidades da estrutura do festival, como a ausência de áreas cobertas e de orientadores de público.

O aguaceiro passou no momento certo para Chet Faker realizar o seu espetáculo indie eletrônico. Sozinho no palco com seus instrumentos e vestindo um roupão (tava friozinho, né?) o australiano entregou o melhor show do festival, aquecendo o público após a tempestade e estabelecendo um clima delicioso em meio a bagunça que imperava ao redor. Destaque para o mega hit “Gold”, que empolgou apesar da grande maioria do público parecer não saber a letra completa. Acontece. 

Chet Faker operando seu sintetizador divino (Popload/Camila Cara)

Minutos depois, Jack White trouxe seu mundinho azul e estridente para o palco do Popload, dividindo opiniões e parte do público, que assim como eu, preferiu descansar para acompanhar quem viria a seguir. Para os fãs e saudosistas, sucessos como “Seven Nation Army“ e “Fell in Live With a Girl” não ficaram de fora.

No intervalo, em um palco paralelo organizado pela principal marca patrocinadora, Rincon Sapiência fez festa e envolveu o público em um show curto demais, mas dançante e repleto de críticas sociais. Grande acerto. 

A maratona foi encerrada com grandiosidade pelo Pixies, que desfilou sucessos da sua carreira em um show menor do que o esperado pelos fãs, mas suficiente para deixar boas memórias. Dispensando o telão gigantesco que completou o cenário das apresentações anteriores em benefício da música, a banda norte-americana mostrou porque segue sendo tão cultuada década após década. Depois uma sequência respeitosa de músicas, o ápice chegou com o super hit “Where Is My Mind?”. Êxtase coletivo. Deu até pra esquecer os perrengues do dia.

Experiência – Apesar da certeza do cuidado extremo envolvido na preparação do festival, o resultado final deixou a desejar, exceto pela curadoria musical. Ótimos shows, mas talvez ordenados de maneira equivocada. Com chope custando R$ 18 e água em copo R$ 7, o bolso saiu doendo. Para se alimentar, opções variadas e preços que não diferenciavam muito de um pedido por aplicativo. Ponto positivo para as áreas de descanso, que poderiam ser ampliadas, e para os acessos, feitos rapidamente por diferentes tipos de transporte e até mesmo a pé – no final, o retorno para a estação de metrô foi ágil e seguro. 

Nos vemos na próxima?

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