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“Ainda Estou Aqui” de Walter Salles nasce um clássico do cinema nacional

Novo longa de Walter Salles, o filme explora o vazio e a resiliência de uma família marcada pela Ditadura Militar.

Qual o peso da ausência? A marca da saudade? Entre sentimentos não palpáveis e despedidas não ditas, “Ainda Estou Aqui” explora o vazio de forma excepcional na força de Fernanda Torres, no carisma de Selton Mello e na presença de Fernanda Montenegro.

Ambientado no Rio de Janeiro durante o período da ditadura militar, essa história verídica — e adaptada do livro de mesmo nome —, volta sua atenção para a história de Eunice (Fernanda Torres) e seus cinco filhos, depois que Rubens (Selton Mello), seu marido, é sequestrado pelo exército e desaparece.

Muito além de toda aclamação que o filme tem conquistado lá fora, inclusive com um potencial real de conquistar uma indicação ao Oscar para Fernanda Torres, o longa já se revela um acerto para o coração dos brasileiros. Isso porque, além de contar uma história que faz parte da vida dos brasileiros e da nossa formação de país e sociedade, o longa é um acerto completo em todos os aspectos: de direção e fotografia à roteiro e atuação: tudo aqui alcança a excelência.

Extremamente atual e necessário, o filme se baseia nos horrores e crimes da ditadura para trabalhar a atmosfera do medo, da apreensão e da perda de uma forma única. A atuação da Fernanda Torres é um absurdo nas minúcias, e é impossível desgrudar o olhar de cada vez que ela aparece, precisando assumir o protagonismo da família em um momento de incerteza, muitas vezes deixando de lado as próprias dores e dúvidas para se tornar o porto seguro da família.

O longa brinca com a construção temporal se baseando em 3 períodos, e com uma caracterização convincente, ótima direção de arte e atenção aos detalhes, se torna uma máquina do tempo capaz de nos transportar para um período assombroso da nossa história. O drama contido de Eunice é relacionável, e a cada novo desdobramento da história e de seus saltos temporais, mais o espectador consegue se identificar — ou ao menos se empatizar — com os dilemas de uma família marcada pelo indefensável.

Emocionante, potente e nosso, Ainda Estou Aqui merece ser visto nos cinemas como celebração não apenas do nosso cinema, que se revela ainda excelente e surpreendente, mas também de todos os talentos e sensibilidades brasileiras capazes de produzir arte, emoção e discussões tão verdadeiras.

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