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Crítica | K/DA, “ALL OUT”

K/DA prova que nada deve a grupos reais com personalidade de sobra e música pop pura em ALL OUT.

É impossível alguém antenado com tecnologia, games e cultura pop nunca ter ouvido falar em League of Legends. O MOBA chegou a um patamar de sucesso tão grande no mundo que até aqueles que não eram tão entusiastas de jogos eletrônicos já experimentaram uma partida, apenas utilizando daquele famoso argumento de ‘vamos ver o que é esse tal de LOL’. Mas o verdadeiro poder por trás da influência vem da sua empresa desenvolvedora, a Riot. E uma coisa que ela sabe fazer muito bem é aproveitar seus produtos para criar outras formas de mídia e atingir mais pessoas, uma dessas mídias sendo a musical. 

A estratégia de criar grupos virtuais utilizando personagens do jogo é perfeita, trás a curiosidade para aqueles que conhecem apenas o som, ao mesmo tempo que implementa um desenvolvimento nos heróis queridos dos jogadores. Atualmente existem três criados em diferentes gêneros: Pentakill (heavy metal), True Damage (hip-hop) e K/DA, grupo pop de personagens femininas. Depois do primeiro single ‘Pop/Stars’ (2018) ser muito bem aceito, agora elas retornam com um EP de cinco faixas para mostrar que nada devem a garotas reais.

A formação composta pelas campeãs selecionou cantoras entre coreanas e norte-americanas para dividirem seus vocais. Kai’Sa (Jaira Burns / Wolftyla), Ahri (Miyeon, do grupo (G)-Idle), Akali (Soyeon, do grupo (G)-Idle) e Evelynn (Madison Beer / Bea Miller) completam o grupo que estourou a bolha focada em e-sports e agora tem tudo para se fazer cada vez mais influente no mundo da música com o lançamento de ALL OUT.

K/DA imprime sua personalidade com produções fortes sem nada dever a grupos com integrantes reais.

Com apenas cinco faixas (sendo três inéditas) a curiosidade para o trabalho era saber se elas conseguiriam manter o nível dos singles lançados… e isso não só foi alcançado, como também ultrapassado. O choque com o lançamento forte de ‘The Baddest’ foi rapidamente esquecido assim que o vídeoclipe de ‘More’ saiu, já que esse conseguiu proporcionar uma faixa que vai muito além. O maior charme desta é a participação da cantora chinesa Lexie Liu, que dá a voz para a campeã Seraphine, assim transformando a formação em um quinteto que funciona tão bem que poderia facilmente seguir assim para sempre. E o fato da primeira canção citada não ter ganhado um MV é algo triste, já que os fãs ainda tinham esperanças de que o retorno poderia ser muito mais bombástico.

Outra participação que surpreende é a da cantora alemã Kim Petras na faixa ‘Villain’, seus vocais poderosos e facilmente reconhecidos funcionam tão bem que parece que estamos ouvindo uma faixa dela. É engraçado notar que essa mesma característica também ocorre com ‘I’ll Show You’, que tem participação de integrantes do grupo TWICE. Mas que acaba não funcionando bem justamente por parecer mais uma faixa do grupo convidado do que algo das próprias K/DA.

Então qual a razão de uma ter um resultado positivo e outra ter um resultado negativo pelo mesmo motivo?. Petras tem uma vantagem de conseguir implantar muito bem seu estilo na música que participa, mas de modo que ainda consigam manter a personalidade do quarteto virtual… soando como uma mesclagem sem defeitos de dois sons, que juntos conseguem elevar a potência de ambos. Por outro lado, a última faixa soa pouco como algo do grupo dono do EP, e demais com algo que podemos ouvir em algum disco do TWICE. Além de que, ser menos energética acaba tirando um pouco do gás que as quatro primeiras trazem de forma até que agressiva.

O melhor momento do projeto é sem dúvidas com ‘Drum Go Dum’. A produção é de uma força incrível, principalmente no refrão. É a melhor definição de como é a sonoridade das personagens, pois consegue passear entre diversos gêneros em segundos sem se perder em momento algum. Os vocais convidados que realmente fazem a diferença são os de Bekuh Boom, ela que inclusive é um dos pontos chaves no sucesso do grupo, pois é a compositora de todas as músicas (além de também ser figura carimbada em composições para artistas de K-Pop, tendo participado ativamente do ‘The Album’ das Blackpink).

A sonoridade do ALL OUT é simplesmente música pop pura, energética e divertida.

Não existe um segredo que prove porque K/DA se tornou um fenômeno digital, sua abordagem é até comum, e talvez este seja o motivo mais próximo que justifique a razão das personagens terem caído tanto no gosto do povo. A forma como são apresentadas e divulgadas é igual a de qualquer outro grupo formado por pessoas reais (talvez até mais, já que elas também podem ser duplicadas via software), mas essa é a sacada… não tratá-las como algo diferente ou apenas um adendo, e sim trabalhar como se fossem um único pilar da Riot.

O time musical da empresa sempre provém qualidade acima da média para as suas músicas, e não apenas para elas, para todos os outros projetos que nasceram de personagens de League of Legends. Serem animações nunca foi um problema, já que o grande público não acha que isso seja um empecilho hoje em dia (graças a Gorillaz e Hatsune Miku). Então o que faz ALL OUT funcionar tão bem? apenas somar tudo isso ao fato de simplesmente fazerem uma boa e velha música pop… energética, divertida e (mesmo que digital) com bastante atitude.

Nota do autor:
79/100

Ouça “ALL OUT” das K/DA:
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