Crítica | AmarElo: É Tudo Pra Ontem é um registro voraz e cultural sobre pertencer

Mais que um documentário sobre as questões raciais no Brasil, AmarElo é um registro sobre afeto e celebração
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Estreou no último dia 8, na Netflix, o documentário do rapper Emicida, ‘AmarElo: É Tudo Pra Ontem’. O registro tem como objetivo abordar diferentes temas, dentre eles as questões raciais e a saúde mental. Para os fãs do rapper de longa viagem é possível conhecer mais o artista dentro da sua intimidade de criação, já para os que ainda não o conhecem, é uma oportunidade única de mergulho no momento em que a história do Brasil e a história do hip hop se entrecruzam.

De caráter intimista e responsável, o documentário apresenta uma discussão a cerca da história do Brasil sobre o ponto de vista da valorização das criações negras no país, valorizando e dando o devido lugar às personalidades negras mais influentes nas artes, na música e na história.

Durante suas 1h30 de relatos, pedaços de show e filmagens pessoais, Emicida faz uma longa e interessante jornada por suas referências criativas por detrás do álbum ‘AmarElo’, lançado em 2019. O disco que conta com diversas ‘épocas sonoras’ entrelaçadas com a história musical do Brasil, apresentou um rapper com letras inteligentes e uma força de criação absurda. Tudo isso fica muito claro no processo de construção do álbum que é mostrado dentre os trechos do show feito no Theatro Municipal de São Paulo, também em 2019.

As participações no registro são de encher os olhos e complementam ainda mais a história apresentada. Majur, MC Tha, Pabllo Vittar brilham na mesma intensidade que os holofotes do palco, em suas respectivas músicas e colaborações. Mais do que mostrar os fatos, AmarElo é sobre afeto e compaixão. É sobre a reconstrução dos elos perdidos entre a população negra brasileira e seu lugar na construção das referências e na importância de se pautar seus feitos e realizações. É interligar o que foi perdido no passado com uma elegante celebração.

AmarElo é sobre empoderamento negro, é sobre protagonismo de raça, é sobre orgulho e beleza histórica. No documentário, Emicida conta a importância de ter marcado o álbum com um show no Teatro Municipal de São Paulo, destacando o fato de que muitos dos seus fãs e até mesmo colaboradores nunca tinham se apresentado ou estado nesse espaço. O local do show foi proposital justamente por isso. Emicida enfatiza que a noite marcou a história de todos que ali estavam e vai marcar que não pôde comparecer, levando pessoas que jamais imaginariam pisar nesse solo tomado por demandas racistas e que hoje é celebrado com uma noite repleta de enfatizações da cultura preta, sem tirar nem por.

Além de apresentar o repertório de seu recente álbum de mesmo nome de forma incrível, Emicida nos presenteia com ‘AmarElo: É Tudo Pra Ontem’, um documentário necessário e urgente. É evidente que não precisa ser fã do artista ou do gênero para perceber que AmarElo é grandioso e voraz. Uma carta aberta e histórica, que hoje se firma mais uma vez para milhares de pessoas.

Assista ‘AmarElo: É Tudo Pra Ontem’ na Netflix.

Nota dos autores: 100/100

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