Crítica | Amor e Monstros mostra o básico e clichê sem deixar de lado a diversão

Estrelado por Dylan O’Brian, “Amor e Monstros” é uma ficção pós-apocalíptica convencional e sem nada de imenso, mas não é potencial perdido.

Hoje, uma maneira muito rápida de chamar a atenção do público, seja do cinema ou streaming, é com filmes básicos que são divertidos e leves de se assistir. Há casos de produções compostas por essa fórmula que entregam enredos ricos e que vendem muito (caso de ‘Um Lugar Silencioso’). ‘Amor e Monstros‘, filme da Paramount (comprado pela Netflix que chegou no catálogo semana passada), mira na primeira opção e decide ficar por ali mesmo, em território conhecido, sem se arriscar, e trazendo Dylan O’Brien em meio ao fim do mundo, o que para o ator não é novidade.

No longa, a gente conhece Joel (Dylan O’Brien), que após o resultado humano em tentar conter um asteróide prestes a colidir com a Terra com foguetes, passa a viver em uma colônia, assim como o resto do mundo. Bom, pelo menos 5% do resto dele.

Antes do mundo acabar e transformar todas as criaturas vivas em seres medonhos, o personagem vivia um romance com Aimee. Mas, devido a situação que o planeta se encontra, eles se separam e a partir daí, Joel decide ir em uma jornada que irá o tornar corajoso e até mesmo, um símbolo, ainda que essa última honra seja evidenciada somente nos 5 minutos finais.

A gente já viu isso?

Diante da narrativa, tudo que se desenrola, é o que  gente já viu outras vezes: Joel encontra no caminho um cão, parceiros corriqueiros, aprende a matar criaturas, e lá no fim da jornada, obviamente, a sua amada. E não se deve esquecer o trunfo mais importante conquistado: a coragem. Toda a aventura que o protagonista vive se torna nada mais do que uma lição que quase o matou diversas vezes para fazer entender que em um mundo caótico, é preciso ter coragem. Porém, não é como se todos os elementos culminassem em algo, ruim, não, pelo contrário, as coisas se mixam e temos algo comum, mas leve de se ver.

Esse desbravamento, a tentativa de tornar o protagonista em apenas o herói, ocorre de maneira conjugal, sem muitos alardes, tornando toda a trajetória simplista e divertida, mas que quando acaba, infelizmente não agrega em nada além de uma possível sequência, que se forma em uma atmosfera até convidativa.

A jornada em busca de coragem de Joel é regada é claro, de criaturas que até certo ponto, ele tem que combater sozinho e, para um orçamento de apenas 30 milhões, esses animais e insetos gigantes ficaram devidamente reais e causam brevemente, agonia. Citando um outro ponto técnico, a direção, não se sobressai e temos aqui apenas o convencional da visão de Michael Matthews. Vale ressaltar que o filme tá indicado no Oscar 2021 em Melhores Efeitos.

Dylan oferece o melhor em um roteiro sem vida

É interessante ver como Joel funcionou bem com os aventureiros que encontra no caminho, falando da mini história mesmo, de maneira técnica. Ali, naquele fio, há de fato algo que beira um pouco de autenticidade, e que se o longa tivesse se permitido ficar mais um pouco no núcleo que vem pra preencher a lição do protagonista, a coisa teria sido diferente, e quem sabe, uma grata surpresa.

Esse ponto anterior é um dos fortes da produção, mesmo durando pouco. Assim como um outro, que é, por incrível que pareça, o arco dos pais do garoto. Mesmo que não tenha muito tempo destinado a isso nos quase 110 minutos, ele possui carga suficiente pra fazer o telespectador ficar emocionado em um momento chave para com essa parte da narrativa.

E aqui, essa questão aparece e se conclui de maneira certa, sem se prolongar demais, sendo posto na tela com ótimas funções, desencadeadas pela estrela do longa; mostrando que Dylan O’Brian sabe fazer jus ao que esse tipo de narrativa demanda diante de um roteiro nada refrescanfe e limitado, ele perfoma muito bem. Inclusive, os valores finais aplicados ao personagem depois de andar por quinhentos quilômetros, são muito bem atenuados pelo ator. Dá pra sentir muito do empenho na aura que ele emana. É sem dúvida, o maior ponto positivo da obra.

Se a pedida pra noite é ver aquele filme sem intenções maiores, “Amor e Monstros” é a pedida certa. Caso a procura seja um filme diferente e que questiona tudo sobre o que a gente já viu nas telas sobre fim do mundo, é melhor deixar para uma outra hora.

Assista “Amor e Monstros” na Netflix.

Nota do autor: 50/100

Total
0
Share