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Bad Omens foge dos caminhos óbvios do rock através da voz

Bad Omens cria novas alternativas em seu processo criativo, fazendo com que sua sonoridade evolua mantendo a intensidade de sempre.

O espaço que bandas de metal, ou bandas que têm uma pitada desse gênero em sua música, sempre foi ocupado. Contando com uma comunidade um pouco controversa e bem opinativa, essa direção do rock sempre teve muito a dizer e também a evoluir. A evolução em si pode ser dentro do mesmo som, aprimorando o que já é bem feito, ou experimentando com produções diferentes, fazendo com que a percussão fale mais alto que a guitarra aqui, ou dando um foco maior no baixo.

Mas, em alguns casos, a mudança é baseada nos vocais, e não apenas na forma como o vocalista canta, mas também em como a voz pretende ser guiada… o que inspira a adição de algo mais calmo ou agressivo quando chega a hora de gravar uma música, de que forma um riff deve ser baseado em determinado verso, ou também: que tipo de som deve ser adicionado como uma espécie de tempero naquilo que já é feito. Bad Omens, banda estadunidense nascida em Richmond, no estado da Virgínia, já dança com essa ideia há um tempo.

O quarteto, formado por Nick Folio, Nicholas Ruffilo, Joakim Karlsson e Noah Sebastian, cansou-se de apenas seguir uma cartilha de bom rock e decidiu ir além, deixando o questionamento sobre o quanto a banda ‘é metal’ tornar-se um chiado mínimo e irrelevante. Investindo pesado em produções feitas por pessoas de casa, o cargo fica com Joakim e Noah; este último, vocalista da banda, teve a ideia de basear as músicas dos últimos projetos em sua voz.

A vontade de construir algo com música e melodia antes foi abandonada, fazendo com que Noah Sebastian deixasse a vergonha de lado no que diz respeito a experimentar gritos e aquecimentos vocais diferentes em seu quarto, na casa que divide com os amigos, e mergulhasse de cabeça em fazer de seu canto um item decisivo para o resultado de cada música.

Mesmo começando com trabalhos decentes em seus dois primeiros discos, “Bad Omens” e “Finding God Before God Finds Me”, a banda ainda orbitava em uma direção já conhecida por quem ouvia outras bandas semelhantes. Mas foi em seu terceiro lançamento: “The Death Of Peace Of Mind” que o Bad Omens fugiu do óbvio e decidiu que a banda poderia ser o que eles quisessem a qualquer momento.

Partindo de um ponto de vista bastante egoísta, onde, segundo o vocalista e produtor, apenas aquilo que eles gostam seria feito, e não o que qualquer pessoa de fora deseja ouvir. O último projeto original foi um divisor de águas na carreira, o público aumentou e, mesmo assim, seus membros seguraram a bronca, servindo não só um dos melhores discos de 2022, mas também um dos projetos mais interessantes do rock nos últimos anos.

O aproveitamento de “The Death Of Peace Of Mind” foi tão inspirador que uma história em quadrinhos também foi criada, mas não apenas a mídia visual seria suficiente, então uma trilha sonora foi decidida para a nova obra. “Concrete Jungle [THE OST]” é o acompanhamento da HQ, que também pode servir como uma extensão do disco irmão mais velho. Contando com participações de nomes como Poppy, HEALTH, Bob Vylan e Let’s Eat Grandma, além de versões ao vivo de hits, o álbum brinca ainda mais nas produções, fazendo com que o raio de Bad Omens fique ainda maior quando se pensa em formas diferentes de produção.

Não são apenas nos conceitos que o quarteto capricha, o básico de um ato musical também está presente: os hits. Com uma setlist atual que ainda aproveita músicas antigas como “Glass House”, “Limits” e “Dethrone”, o foco principal é o trabalho mais recente. E foi daí que surgiu aquela que (até então) pode ser considerada como a música de maior sucesso, “Just Pretend”.

Em uma era dominada por músicas que crescem de forma meteórica através de redes sociais, o impacto foi tanto que até uma da banda viralizou. Mostrando que sabe muito bem como a internet funciona, o vocalista Noah Sebastian chegou a falar em um show que gosta de saber que as pessoas conhecem a banda através de uma ‘viralizada’.

Em entrevistas, Noah sempre se mostra muito sereno e consciente sobre o impacto que a música que faz com seus amigos tem nos outros, e mesmo sendo obrigado a cancelar uma turnê recente na Europa devido a um burnout extremo, sua presença nos palcos não está totalmente ameaçada. Com presença confirmada na edição de 2024 do KNOTFEST Brasil e datas em outros festivais, Bad Omens já se prepara para uma rotina de shows menos desgastante, mas ainda assim intensa, pois o que a banda sabe fazer nos palcos é prover uma experiência incrível e inesquecível para qualquer um.

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Bad Omens se apresenta no domingo, dia 20 de outubro, no KNOTFEST Brasil.

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