O disco Visagem, lançado originalmente em 2010 pela banda paraibana Cabruêra, ganha sua primeira edição em vinil em comemoração aos seus 15 anos de lançamento. Um dos álbuns mais inventivos da música alternativa brasileira dos anos 2000, o trabalho retorna agora em edição especial pela gravadora Taioba Music. O disco físico sai com prensagem de 180g em vinil cinza esfumaçado e tiragem limitada em 300 cópias.
O disco já está em pré-venda no site da Taioba Discos, com envios programados a partir de 28 de novembro. O vinil conta com remasterização feita por João Lima. A arte gráfica original, baseada em fotografias de Augusto Pessoa e design de Roberto Matos, foi cuidadosamente restaurada para esta edição.
Lançado originalmente com produção de João Parahyba (Trio Mocotó), Visagem marca o ponto alto da sonoridade da Cabruêra, misturando as raízes nordestinas com influências globais. Além disso, faixas como “Doce de Coco”, “Pisa Morena” e “Aruanda” revelam um Nordeste místico e urbano, com arranjos que ainda permanecem atuais mesmo 15 anos depois.
“Para a Cabruêra, o lançamento do Visagem em vinil é de extrema importância, pois marca a fase em que a banda definiu uma sonoridade com esse quarteto — formação com a qual gravamos mais álbuns. O disco tem um ‘quê’ especial, por ter sido produzido pelo ‘Comanche’ João Parahyba e gravado no Fábrica Estúdios, onde tivemos a tranquilidade necessária para obter um resultado que deixou a todos muito felizes”, afirma o baixista e vocalista Edy Gonzaga.
O baterista e vocalista Pablo Ramires complementa: “É importantíssimo para a Cabruêra ter seus trabalhos em formatos físicos como vinil e cassete, mercados que cresceram muito e nos quais ainda não estávamos inseridos. Com o convite da Taioba, isso se concretizou com o relançamento de um disco divisor de águas. É também a realização de um sonho para mim, que comecei a consumir música antes do digital e nunca tive um trabalho meu nesses formatos. Serei eternamente grato.”
O novo boom do vinil
De acordo com a Pró-Música Brasil, o consumo de vinis no país cresceu 45% em 2024, movimentando R$ 16 milhões. Esses dados reforçam o valor do formato tanto como item de colecionador, como também uma alternativa direta de receita para artistas independentes. Segundo estimativas da Taioba Music, lançamentos em vinil podem gerar retorno financeiro entre R$ 12 mil e R$ 20 mil para os artistas. Consequentemente, esses números viabilizam novas gravações, turnês e projetos autorais.
Na Paraíba, o movimento se consolida com força, como mostram o fortalecimento de lojas especializadas, o surgimento de selos e eventos como a Feira Paraíba Vinil, que reuniu mais de 2.500 pessoas em João Pessoa na sua última edição em junho de 2025. A Taioba Music é uma das protagonistas desse cenário: é gravadora, loja e curadora de lançamentos que valorizam a música nordestina feita com esmero e identidade.
“Ter em mãos um vinil traz aquela memória afetiva, pois todos nós iniciamos nosso interesse pela música quando o vinil representava uma parte importante dessa relação. É uma mídia mais imersiva: ouvir, ler, pegar, ter informações da gravação, banda e arte”, opina Edy. “Além de ser um merchandising luxuoso, é uma ferramenta rica para mostrar a banda aos produtores e representa cuidado com a música e com o nosso trabalho. Acredito ser um privilégio para qualquer artista ter seu trabalho prensado em vinil”, conclui o músico.