O atual momento para o ramo dos festivais no país é um pouco esquisito. Nada chama tanta atenção, e o mercado vende a experiência como principal motor. A separação entre a experiência e os artistas que devem ser celebrados já acontece a um bom tempo. Não se acha essas duas coisas hoje juntas, coexistindo, no entretenimento afora. Mas o C6 Fest 2025 entende isso.
Primordialmente, esses dois motes precisam impulsionar um evento enorme (como um festival), unindo tribos, gerando diversão e, principalmente, acolhimento e a sensação de estar no lugar certo. No entanto, a parte “legal” de ver essas aversões de hoje é notar que o C6 Fest entendeu piamente o que acontece. Se em 2024 o C6 Fest se tornou maior e melhor em seu segundo ano, agora, a coisa ficou ainda mais séria.
O C6 Fest 2025 aconteceu nos dias 22, 23, 24 e 25 de maio no Parque Ibirapuera, em São Paulo, e a impressão que ficou foi que de novo, o programa ideal para quem gosta de um som refinado, tornou-se ainda mais afiado.
A transição da Arena Heineken para a Tenda Metlife (que segue com árvores preocupantes) valia a pena pelos zero de perrengues. Como resultado, se você chegasse minutos antes para um show, era possível ficar próximo do palco numa posição confortável. A Pacubra, para quem não se cansava de dançar, ainda se mantinha como uma boa opção para abraçar o eletrônico.
Artistas de todos os tempos foram principal gás para edição memorável
Além disso, quem queria poder realizar o sonho de ver clássicos como Wilco, The Pretenders e Gossip tinha na palma da mão a opção de pegar um bom lugar e se aventurar pelas várias comoções à nostalgia que algumas dessas bandas geraram. Do mesmo modo, não faltou opção para quem queria apenas contemplar um som refinado como do Air ou ver algum artista se entregar no palco de maneira surreal como o Perfume Genius.
É bem aí, nessa enorme extensão de tempo e vertentes entre artistas que o C6 Fest 2025 mostrou o seu maior ponto forte. Foi simplesmente fantástico encontrar diferentes opções que passearam principalmente pelo rock alternativo.
Seja ele puro perante suas guitarras ou numa execução mais minimalista e alternativa, a simbiose do gênero passou pelos dias principais do festival com uma força espetacular. Deixando claro o quanto é importante uma curadoria que entende quem consome seu produto.
Foi delicioso escutar as vertentes desse poderoso ritmo mediante artistas multifacetados e contentes em fazer o que fazem. Deu para sentir muito dessa sinergia no show da The Last Dinner Party — um dos melhores do festival inteiro.
Por outro lado, quando o gênero não era o principal alvo, o público encontrou atrações tão a altura quanto: Cat Burns, Superjazzclub, Seu Jorge e convidados, Nile Rodgers & Chic, Beach Water e A.G. Cook foram peças-chave para estender o line-up e torná-lo irreverente.
A sensação que fica, de novo, é que o C6 Fest parece nunca ter saído do topo. Acima de tudo, o evento sabe o público que o consome e transforma isso na mais pura experiência para criar bons momentos; tudo ao som de muita música boa e refinada.