Crítica | Netflix reinventa com maestria as aventuras de Carmen Sandiego

4ª temporada explora o lado de Carmen Sandiego que inspirou a Netflix a reinventar o clássico dos anos 90 e conclui a história com sucesso.

Baseada em uma franquia de jogos de computador da década de 80, a história da ladra mais famosa e mais difícil de se capturar do mundo, ganhou uma nova cara pelas mãos da Netflix. Se a animação dos anos 90, se norteava na pergunta “Onde está Carmen Sandiego?”, na nova aventura, o foco é “Quem é Carmen Sandiego?”

Criada por Duane Capizzi (As Aventuras de Jackie Chan), a nova aventura molda a personagem não como uma vilã, mas como uma heroína à la Robin Hood e aborda não só curiosidades geográficas, mas questões que envolvem empoderamento, feminismo e lealdade.

Na nova história, Carmen (Gina Rodriguez) é criada e educada pela agência de vilões V.I.L.E e com eles aprende todas suas habilidades de ladra. Contudo, no decorrer de suas aventuras, a jovem descobre que o grupo criminoso, fez mais mal para ela do que bem e decide se dedicar a impedi-los de cometer novos roubos.

Diferente da já citada história tradicional, Carmen é mais jovem e não tem em seu encalço os dois agentes Ivy e Zach. Na animação da Netflix, os dois são seus amigos leais e juntos com Player – que pode ser considerado uma adaptação do Chefe do desenho dos anos 90 – ajudam a heroína de vermelho a interceptar os roubos da V.I.L.E.

O desenho se destaca por um ritmo de aventura extremamente ágil, que entusiasma quem o assiste. Além disso, trabalha de forma bem-humorada as aventuras da Vermelha – como é chamada por Player – e garante piadas certeiras que divertem muito o espectador.

Abordagem de temas atuais faz de Carmen Sandiego uma animação contagiante

Um dos pontos mais fortes da animação é a escolha de temas a serem abordados. Além de apresentar um conteúdo educativo, com curiosidades geográficas e culturais, Carmen Sandiego trabalha questões sociais, feminismo e empoderamento, tudo de forma envolvente e bem-humorada. A protagonista está constantemente preocupada com questões de desigualdade social e obras de caridade, mostrando-se alguém extremamente heroica e habilidosa, mas também muito humana.

O empoderamento feminino construído na animação, é uma de suas características mais visíveis da série, apresentando personagens – além da própria Carmen – que são extremamente inteligentes, perspicazes e ocupam lugares de poder, como no caso da diretora do serviço secreto de investigação ACME, que é uma mulher negra. Outro reforço ao feminismo, fica por conta do detetive Chase Devineaux, um homem atrapalhado e machista, que claramente não consegue lidar com mulheres poderosas e inteligentes, como a sua própria assistente: Jules Argent. Esta personagem, inclusive, mostra como esse tipo de homem pode prejudicar as mulheres nos ambientes profissionais por pura ignorância, casos de mansplaining vindos de Devineaux são outro ponto que contribuem para a força do tema no desenho.

A nostalgia marca a última aventura de Sandiego

A 4ª temporada de Carmen Sandiego, estreou na Netflix no dia 15/01 e está marcada para ser a última aventura da Vermelha. Na nova fase, é chegada a hora de Carmen descobrir o que mais deseja sobre seu passado e em paralelo destruir de vez a V.I.LE.  

A animação, que se destaca por um enredo coeso, bem amarrado e atual, chega com novos dilemas e toques nostálgicos. Nestes últimos 8 episódios, Carmen é o alvo principal da V.I.L.E e terá seu mundo virado de cabeça para baixo, se aproximando mais da versão criada na década de 90.

O que isso quer dizer?  No mínimo que elementos que compõe “Em que lugar da terra está Carmen Sandiego?” podem dar as caras, de maneira sutil, mas notável para os fãs neste ano final da aventura.

Assista Carmen Sandiego na Netflix.

Nota do autor: 80/100

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