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Crítica | 10 anos de “Pure Heroine” de Lorde

Há exatos 10 anos, Lorde colocava no mundo um manifesto poderoso em crescer sendo vítima do tempo com o “Pure Heroine”, seu primeiro álbum

Não foi preciso muito tempo para fazer com que uma boa parte do mundo entendesse o quanto potente Lorde poderia ser. “Royals faria a neozelandesa surgir no mapa como uma garota sã do que a mordomia poderia fazer com os garotos da cidade pequena, mas ainda mais, mostraria uma adolescente ágil e, talvez, nunca vista na indústria da música.

Pode parecer errôneo, mas em seu primeiro álbum, o “Pure Heroine (que hoje completa 10 anos de vida), Lorde traduziria com aptidão o ato em crescer como uma rebelde empunhando uma espada; mas não como quem passa a ver a jornada de amadurecer pela rota de um herói, mas como alguém que vem de um lugar inferior, fadado ao fracasso, precisando ter algo em mãos.

É precisamente nesse manifesto que a beleza do projeto ressoa. Ela fala sobre as demasiadas conversas, os amores (não aqueles que fracassaram, mas aquele responsáveis), amigos, tempos ruins, chatos, bons e acima de tudo, aqueles em que ela sente o agridoce em apenas ser. Junto de um lirismo espetacular, imediatamente, a produção de Joel Little intercala entre o prazer em ter uma intérprete radiante e o sombrio que a idade dela projeta.

Lorde e o puro da simplicidade

“Ribs, é um patrimônio para a carreira da artista e uma das melhores consequências em termos Lorde entre nós. Ou seja, é o seu registro mais brutal e apaixonante; como um devaneio em crescer por entre folhas secas, mas não sozinho. A concepção da música possui a programação mais divina do álbum, sempre evoluindo em um estado rítmico de causar hipnose.

Fazendo referência ao nível de iluminação de uma lâmpada comum, “400 Lux aborda a simplicidade da despreocupação com um dos melhores usos do sintetizador no disco, do tipo que corre num sonho pelos ouvidos; e “Team é justamente o que promete ser, uma declaração amorosa e cintilante para quem mora em cidades raramente vista nas mídias.

Uma grande porcentagem do registro de estúdio engloba um tipo de som muito único para a época e vendo atualmente, é como se as obras simplesmente não conseguissem encontrar um tipo de referência de onde vieram. No entanto, a esse altura, elas parecem ser o próprio moodboard, o próprio pedaço de consumo para uma obra assim ter sido criada.

Pode ser que “Buzzcut Season”, uma das músicas mais desconcertantes e mágicas de Lorde, concentre boa parte desse contexto de autenticidade, talvez o grande eco de “Still Sane” irradie essa ideias, ou a emocionante e doce “A World Alone” (uma das canções mais subestimadas de seu catálogo) venda essa ideia com força. Na verdade, não faltam peças para provar que esse é um álbum notório.

Totalmente moldado como juntar os melhores ou piores crescimentos em cada fração de segundo, o disco quebra e repara em todos os momentos que decide circular pela ode em ser um alguém cheio de coisas a sentir.

No fim, Lorde mal sabia que outras milhares de pessoas se sentiam assim também: como alguém encarando o sol sem saber que estavam sendo queimados, mas há beleza nisso, e ela conjura isso como ninguém.

A gravação está inconscientemente dentro dessa ideia. Como o mais simplório ato irresponsável que fazemos durante a juventude sem que ao menos tenhamos ciência disso, como algo primal. Seja pelo sentido sonoro ou estético, o “Pure Heroine” de fato se assemelha a algo mundano, do tipo que chega em certos momentos sem que vejamos.

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