Crítica | Adão Negro surpreende com elementos requentados

Com Adão Negro, DC surpreende e entrega um filme que (finalmente) acerta em cheio.

Adão Negro (ou Black Adam, no título original) chega aos cinemas brasileiros no dia 20 de outubro. Nós do escutai estivemos na pré-estreia que aconteceu na segunda feira, vimos um filme divertido e acertado nas medidas, e achamos que você também deveria assistir!

Com a exceção de Coringa (que inclusive flerta com um tom bem diferente dos filmes do universo de heróis e HQs da companhia), havia muito tempo não sentíamos um acerto vindo da DC. Agora com o famoso “The Rock” no protagonismo, ficamos no mínimo intrigados com o resultado. Dwayne Johnson já interpretou muitos papéis (parecidos entre si, inclusive), mas será que sua personalidade tão simbólica encaixaria bem no papel?

Já podemos dizer logo que sim. Teth-Adam, nome tradicional de Adam Negro, exige uma persona forte, grande, misteriosa. Não tão simpática, mas também não odiosa. Alguém que flerte com a linha tênue entre herói e vilão de forma convincente, ao mesmo tempo que pode amedrontar quem entra em seu caminho, e fornece a vulnerabilidade relacionável de quem tem uma história para contar.

A sinopse pode parecer simples: Teth-Adam é “despertado” no meio de uma situação delicada e que envolve artefatos sobrenaturais que podem destruir a humanidade, mas uma vez que o próprio Teth possui poderes sobrenaturais e um senso de justiça que são perigosos para o planeta terra, seu despertar não é apenas um alívio para a população de Kahndaq.

Isso faz com que a Sociedade da Justiça (composta pelo Senhor Destino, Gavião Negro, Ciclone e Esmaga-Átomo) se reúna para tentar deter o ser mais poderoso do planeta, e entregue com suas particularidades, uma fórmula funcional para suceder na missão.

Fotos: DC Comics (reprodução)

Por um lado, a Sociedade da Justiça parece tentar ser um “Esquadrão Suicida do bem”. Não chega a ser um problema, tampouco a sua mistura de Dr. Xavier e Dr. Estranho (no personagem do Senhor Destino), a Tempestade do universo de X-Men retratada na Ciclope, o mix de Batman e Pantera Negra no Gaviião Negro — desde que você consiga “relevar” essas “homenagens”. Já aquele humor trapalhão do Esmaga-Átomo soa bobo ou quase desnecessário, e nossas lembranças do Homem-Formiga ficam também evidentes.

O fato é que nada é novo em Adão Negro, mas a sua fórmula e elementos muito conhecidos funciona, surpreendentemente, muito bem. As críticas pontuais feitas aos heróis de “onde vocês estavam enquanto isso acontecia?” e outras marcações sobre povos querendo se instalar e “salvar” um povo, enquanto sempre ignorou seu sofrimento, são um refresco no longa, e faz com que queiramos ver mais desses momentos. Já as cenas de ação e efeitos especiais não são bem nada inéditas, mas cumprem muito bem seu propósito — o que chega a ser apreciado, uma vez que muitos filmes de heróis recentes falharam feio no básico CGI.

Mesmo sem o ineditismo, o roteiro é bem amarrado e oferece entretenimento e distrações pelas duas horas que o filme propõe. Não fica chato, cansativo ou repetitivo, embora um dos personagens humanos seja extremamente irritante. Na verdade, a junção de tantos personagens conhecidos mas repaginados funciona bem, especialmente considerando que talvez nunca veremos tais poderes reunidos em suas peles originais. Inclusive a Ciclone, interpretada por Maxine Hunkel, funciona muito bem e é cativante em todas as suas aparições: assistiríamos um longa da personagem com muita empolgação.

É assim que, servindo uma fórmula requentada, Adão Negro consegue entregar um bom filme: mesmo usando tanto do que já conhecemos, finalmente vemos uma dinâmica com um roteiro satisfatório e bons efeitos especiais. Não é o filme mais memorável da DC — mas considerando que esse ao menos não será inesquecível por ser um dos piores, está no lucro.

78/100

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