Crítica | Demi Lovato, “HOLY FVCK”

Antes julgado como mais um ato de superação, HOLY FVCK surpreende com o poder da liberdade e o tesão pelo viver.

Encarando em contrapartida a premissa de superação julgada como repetitiva, Demi Lovato prova maturidade pela música com fogo nos olhos em HOLY FVCK. O disco chega às plataformas de streaming após diversos trechos já divulgados pela cantora e em breve acompanhado de sua própria turnê.

É possível dizer de passagem que “Skin of My Teeth”, o carro chefe do álbum, chegou com o pé direito. Revisitando suas raízes em sua sonoridade, a canção ainda parece soar limitada quando apresentada sozinha. Já quando disposta em sua trilha completa, a faixa encontra seu lugar e não decepciona.

Efervescendo caldeirões para o início da turnê no Brasil, HOLY FVCK parece ter sido pensado especialmente para ser apresentado ao vivo durante sua produção. Já suas letras demonstram como Lovato dá a volta por cima provando sua maturidade e independência artística após anos comercializando a música pop.

O que uma vez seria julgado como mais um enredo de superação, o disco faz com que esse argumento fique de lado enquanto o disco se torna algo majestoso. Em diversos pontos altos onde até mesmo as canções menos promissoras são eletrizantes e excitantes, as histórias de seu passado são mascaradas pela força nos vocais furiosos e por um tesão em voltar a viver. Infelizmente, esse poder parece enfraquecer na faixa título do disco, onde vivenciamos uma montanha russa que promete uma queda avassaladora mas se perde na subida e não encontra o caminho de volta.

Um detalhe inegável é que até mesmo as baladas abraçam um som muito bem arquitetado. Os fãs da música pop melodramática podem se despedir do chororô de baixo das cobertas. “Happy Ending” e “Wasted” marcam, definitivamente, o nome de Demi Lovato como uma grande compositora. Enquanto isso, o produtor Oak Felder mostra toda sua versatilidade e talento na engenharia sonora.

HOLY FVCK é um grito de libertação após uma longa caminhada, tendo em visto que Demi finalmente atingiu o ápice da maturidade para lidar com suas lutas internas num repertório saudosamente coerente e que, francamente, a veste muito bem.

90/100

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