Crítica | Feminicídio e violência são explorados em “A Noite do Dia 12”

A Noite do Dia 12, dirigido por Dominik Moll, é baseado em caso real que envolve crime, violência e machismo

Vencedor seis prêmios César e exibido no Festival de Cannes de 2022, A Noite do dia 12 chegará aos cinemas brasileiros um ano após sua primeira exibição, no dia 13 de julho, com pré-estreia no dia 12, em homenagem ao seu título.

No dia 12 de outubro de 2016, uma jovem chamada Clara Royer (Lula Cotton-Frapier) é brutalmente assassinada por um homem encapuzado. A partir disso, o investigador Capitão Yohan (Bastien Bouillon) começa um busca obsessiva e longa para encontrar o responsável. A direção assinada por Dominik Moll traz uma trama de mistério, baseada em fatos reais, repleta de debates sociais, reflexões psicológicas e uma história muito intensa.

Certamente, o filme francês tem um diferencial perceptível das narrativas hollywoodianas, pois mesmo sendo do gênero policial, não há grandes embates, tiros entre policiais e bandidos ou um protagonista “machão” e briguento, mas sim homens com diversas camadas emocionais e uma imersão quase obsessiva.  Enquanto isso, ele segue uma jornada investigativa bem detalhada e com impactos na sua vida pessoal, o que torna a experiência ainda mais marcante.

Ademais, a grande temática do filme é a misoginia e o feminicídio, durante toda a jornada dos protagonistas, fica evidente que a investigação é pautada numa visão machista, já que a vítima é uma moça que teve vários relacionamentos com pessoas solteiras e comprometidas.

Inclusive, Clara Royer é uma personagem que fascina justamente por não ser uma vítima que pode considerada “inocente”. Ela desafia tanto os investigadores, quanto os espectadores que, mesmo buscando a justiça, ainda trazem um juízo de valor nas atitudes da vítima em vida, como se elas fossem uma justificativa plausível. Em um dos diálogos mais marcantes do filme, a melhor amiga da vítima afirma que Clara foi atacada por ser mulher.

Além da narrativa envolvente, as atuações trazem uma grande carga emocional, que convence o público. Destaque para Bastien Bouillon, vencedor do prêmio César por sua atuação como Yohan. Anouk Grinberg, como a Juíza e Bouli Lanners, como detetive Marcieu também trazem uma atuação intensa, que demonstra como o caso e suas vidas pessoais foram atingidas.

Contudo, o final pode ser decepcionante, pois a trajetória dos personagens e das investigações sofre uma quebra de expectativa, que frusta após horas de provas, discussões e pistas. Mesmo assim, é evidente que Dominik Moll fez isto de propósito pra representar como este tipo de crime pode ser finalizado da forma mais anticlimática.

Ao final, é tranquilo afirmar que o filme recebeu críticas elogiosas e prêmios, porque é uma ótima história, possui atores de peso e deve ser uma referência para as grandes produções norte-americanas sobre como retratar o feminicídio.

A Noite do Dia 12 estreia nos cinemas brasileiros dia 13 de julho, com pré-estreia na noite do dia 12.

90/100

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