Crítica | “Gran Turismo” agrada até quem não é fã de automobilismo

Com nomes já conhecidos pelo público, “Gran Turismo” agrada até quem não é fã de automobilismo

“Gran Turismo” conta a história de Jann Mardenborough, um apaixonado por videogames de corrida que, de tanto praticar o jogo criado por Kazunori Yamauchi, passa a conhecer diversas pistas ao longo do mundo. Embora tenha o clássico arco das histórias épicas (também conhecido como cliché), trata-se da história real de um piloto de corridas profissional. Um ponto que mostra como a história é emocionalmente extrapolada é como o filme retrata vitórias gloriosas de Mardenborough, quando, na verdade, ele teve um bom desempenho, porém não excepcional.

De jogador de Gran Turismo a piloto profissional 

A ida de Jann a uma jogada de marketing da Nissan travestida como um programa de treinamento a jovens talentos do Gran Turismo tem conflitos familiares como precedentes. Os dez melhores desempenhos ao redor do globo são chamados para um período de preparação para correr em circuitos profissionais; a melhor atuação nas práticas é selecionada para integrar a equipe da Nissan. A intenção do projet é levar a marca às competições automobilísticas oficiais, e a estratégia mercadológica é refletida no nome da escuderia: “Nismo”, de modo que une a marca e o videogame em um único termo. 

O elenco da obra já é conhecido. Archie Madekwe, ator de Midsommar, interpreta a personagem principal de Gran Turismo. Enquanto isso, David Harbour dá vida a Jack Salter, seu treinador e chefe de equipe, que é criado por Danny Moore, interpretado por Orlando Bloom. Nenhuma atuação é espetacular, porém o elenco não decepciona em transmitir a emoção que as altas velocidades e competições levam ao espectador. Os efeitos especiais também contam com o mesmo preenchimento: bons, embora normais.

Por dentro do automobilismo

Não é preciso entender de videogames para compreender Gran Turismo, novo longa automobilístico dirigido por Neill Blomkamp. No entanto, é recomendado saber algumas coisas do mundo das pistas para não ficar perdido ao longo de 2h15min do filme. Por mais que os conhecimentos mecânicos dos carros aproximem o espectador das experiências vividas por Jann, essas informações não são primordiais. Algumas partes mencionam peças (há, inclusive, uma cena que menciona um ponto decisivo em sua carreira), porém o foco não é esse.

Archie Madekwe em Gran Turismo por Gordon Timpen

A obra menciona termos sem sequer explicá-los. Um exemplo é FIA: Federação Internacional do Automóvel, responsável pela organização de corridas “profissionais”, como as fórmulas (1, 2, Indy) e as 24 horas de Le Mans – clímax da obra. A competição é mencionada a todo tempo, porém não é explicada. O espectador pode ficar confuso, ainda mais por se tratar de um termo tão referenciado. Trata-se de uma das mais tradicionais e cansativas corridas automobilísticas do mundo, na qual um dia inteiro é destinado para acompanhar carros e pilotos (que se revezam em três ao longo das 24 horas).

Ter ciência dessas informações é útil para entender o rumo das conversas em Gran Turismo. No entanto, emoção é emoção, e para isso não é necessário ter expertise.

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