Se nós falássemos como as HAIM estariam sonoramente hoje após escutarmos o debut tendo se passado 10 anos, a resposta seria uníssona: épica. O terceiro álbum de estúdio (o “Women In Music Pt. III”) ecoa visceralmente alto e talvez grite como nenhum outro dentro da discografia das 3 irmãs, porém, a maneira que o “Days Are Gone” brilha com um pop rock digno de se proclamar como impecável por longos anos é única e irreparável.
Após uma década de vida do disco (o projeto com 11 músicas chegou para o mundo em 1º de janeiro de 2013), parece que o registro invoca uma sensação de que as meninas sempre estiveram em um patamar implacável — e que hoje, cativa com um sentimento precioso de dias passados.
Não é como se as músicas aqui fossem somente boas, elas também colocam no altar suas criadoras, entregando uma ênfase insana que envolve o ouvinte em uma produção excelente e mitigadamente hoje com a dose essencial de nostalgia.
“If I Could Change Your Mind“, por exemplo, notifica quem a escuta com uma potência avassaladora de confiança (mesmo que liricamente ela enfraqueça, trazendo partes das dores em relembrar); “Don’t Save Me” (melhor faixa do álbum inteiro) é outra peça que prega juventude e força com um tom altíssimo; “My Song 5” é um combo das três: é pesada, e traz guitarra e bateria acopladas lado a lado com perfeição, o trombone também é programado com maestria.
Já “Go Slow” encanta por ser doce e suave em seus principais momentos em que os batimentos ficam mais agitados. É como uma quebra infalível entre ritmos, instrumentos e atmosfera. “Edge” (da versão deluxe) também é uma excelente fração dessa mudança de ares.
E como se não bastasse unir diferentes esferas de um único tipo de pano de fundo, o ato final soa como algo totalmente fora de órbita. “Running If You Call My Name” é imensa em toda a sua ode, é como se a ideia do disco inteiro se fundisse em uma só canção, o resultado é impaciente e delicioso.
Por entre sequências sonoras perfeitas e uma coesão de vozes ótima, toda a tracklist agrega ao ato final como encarar uma festa acontecendo em que a sensação que mais permeia é a de fazer parte da pista de dança. Ainda que o som não seja típico para esta ocasião, essa é parte da sensação que estremece os terrenos do registro de estúdio.
Desse modo, subindo e encarando o que se passou, é assim que o “Days Are Gone” molda suas formas. Como um trabalho de estreia, ele colocava o trio num caminho de um futuro brilhante. E como um álbum que serviu de prova para o talento inaudível, é a prova certeira que elas provavelmente estavam e não estavam pensando nos próximos dias.