Crítica | Halloween Ends encerra décadas de terror com roteiro morno

Halloween Ends consegue recuperar um caminho perdido em Kills, e dá um último capítulo satisfatório — devidas as proporções
Foto: Universal Pictures/reprodução

Chegamos à época perfeita de lançamentos de filme de terror e suspense: o Halloween. Não são raros os exemplos de filmes e séries sendo lançados seguindo a temática, e Halloween Ends chega justamente na melhor hora, encerrando a série clássica que se iniciou em 1978, e soma doze filmes.

Com Jamie Lee Curtis novamente no papel de Laurie Strode, assumindo o poder em sua “final girl” (termo do gênero para definir personagens que sobrevivem ao assassino, no qual Jamie foi pioneira), o filme encontra um equilíbrio perdido em Haloween Kills (2021) e parece finalmente encerrar com dignidade a trilogia re-iniciada em 2018.

Foto: Universal Pictures/reprodução

As expectativas para o terceiro e aparentemente último filme com Jamie Lee Curtis eram altas, uma vez que não só promete a despedida da atriz e sua personagem tão importante para a sequência que já dura décadas, mas também por encerrar um arco que deu duras derrapadas no filme anterior.

Agora, com Laurie em um lugar mais saudável de sua saúde mental após uma vida marcada por tanta violência, ela tenta terminar seu livro e viver uma vida pacata e pacífica em Haddonfield, mas os fantasmas do passado não apenas estão prontos para retornar, como também parecem dispostos a “possuir” novas pessoas pelo caminho.

É o caso de Corey Cunningham (personagem de Rohan Campbell), que nos é introduzido como um adolescente de vida promissora e que tem o destino desviado por um acidente, quando a cidade passa a vê-lo como um psicopata. O bullying e o tratamento dos cidadãos de Haddonfield tornam o garoto introspectivo, raivoso e perseguido, até que decide trocar de papel.

Foto: Universal Pictures/reprodução

Com essa trama aparentemente paralela, o filme nos deixou intrigado até boa parte do filme, quando, por mais que conectado por elementos centrais, a história parecia criar dois plots diferentes em um só filme. Enquanto a vitalidade de Michael Meyers é posta como algo frágil, o surgimento de um novo mal para tomar seu lugar provoca, principalmente sabendo que esse era prometido como último filme. Como fechar tantos arcos quando se parece abrir um novo tão complexo? Halloween Ends responde.

Embora o filme nos deixe duvidando de seu roteiro e nos coloque receosos quanto às reviravoltas, uma vez que Halloween Kills falhou em tantos sentidos, Ends consegue se sustentar muito melhor que seu anterior. O diretor finalmente parece entender — e honrar — a história de seus dois principais e mais icônicos personagens. Finalmente nenhum deles é tratado como imortal, e é justamente na humanidade que encontramos a fragilidade e a força de ambos, e que nos fazem torcer por um ou outro. Mesmo com novas tramas parcialmente paralelas, é em Laurie e Meyers que nossa maior atenção está concentrada, e embora os novos elementos sejam compreensíveis para fazer a história render mais um capítulo, pouca liga é encontrada ali.

Foto: Universal Pictures/reprodução

Algumas escolhas do diretor são duvidosas e, devidas proporções, bregas. Embora alguns jumpscares tenham nos feito saltar da poltrona, principalmente no começo, o filme às vezes se parece com um filme romântico disfuncional. Por outro lado, as cenas de ação — principalmente as com Jamie Lee Curtis — são deliciosas de assistir. Talvez por sermos hipnotizados por seu carisma em tela, e por torcer tanto por sua narrativa.

Ends consegue recuperar um caminho perdido em Kills, e dá um último capítulo satisfatório — devidas proporções — à história de terror que moldou a cultura pop. Com menos violência que Kills, aqui temos mais desenvolvimento de personagens e suas emoções — mesmo com a adição de personagens que pouco importam de fato. Talvez uma história mais focada no duelo final entre os dois astros da franquia trouxesse menos mortes e ação, mas poderia nos ter dado mais satisfação no desfecho, que afinal de contas, era o que mais precisávamos (e queríamos) ver.

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