Crítica | Harry Styles, “Harry’s House”

O terceiro álbum de estúdio do Harry abraça um lado mais sereno, mas ostenta de uma psicodelia insanamente deliciosa

Vendo agora, é ótimo ter descoberto a essência do novo projeto de Harry Styles somente com a peça inteira disponível para os nossos ouvidos. Em primeira análise, “As It Was” é um single contagiante e com sintetizadores em novolume mínimo. Todavia é só escutando o “Harry’s House” completo que nos damos conta que a primeira prévia do projeto era como um breve sopro para a brisa de versão estável, carismática e serena que esse terceiro álbum de estúdio é.

Mais precisamente, o novo trabalho afirma muito como Harry Styles faz música. Uma vez que esse é o seu terceiro, tudo que vimos nos projetos anteriores aqui, ecoa de alguma forma, isto é, toda a sua excelência sonora (e também além disso) obviamente fica mais precisa. Mas a prova real disso torna-se ainda mais nítida quando reparamos o que ele pode fazer com sua bagagem e também, com as novas.

Columbia Records / Harry Styles (reprodução)

Music For a Sushi Restaurant“, agitada fatia de abertura do disco, engloba o pop com flexões incríveis de funk; é de verdade, a princípio, uma festa sensacional. Agora sim é possível enxergar as trilhas que Styles quer percorrer aqui: os mais prazerosos retratos dos anos 80 usando da new wave e o synth-pop em sua pegajosa roupagem.

Literalmente desde a abertura até décima primeira música, a viagem que se segue é totalmente gostosa, de fazer flutuar e gerar um calor interno que vai sem a menor sombra de dúvidas deixar os fãs extremamente satisfeitos.

Daylight“, “Little Freak“, “Matilda” (confortável canção que funciona como um abraço), “Cinema” (música espetacular que parece ter saído direto das mãos do duo Daft Punk) e “Daydreaming“, oferecem ao ouvinte o pico máximo de entretenimento. Quando ele quer nos fazer dançar, apenas levantamos sem questionar. E quando quer oferecer um momento mais íntimo, é realizável sentir a sensação de uma conversa terna em uma fogueira.

Infelizmente, como traço negativo para o corpo do projeto temos uma circunstância subdesenvolvida e um pouco comum demais comparado ao lado mais explosivo do trabalho. Styles decide abraçar um pouco da síntese do folk.

Esse modo estilístico já é natural seu. Porém, por exemplo, ao andetrarmos na órbita firme da espetacular “Satellitle” (melhor música do álbum e que funciona como uma versão reversa de “Fine Line”, faixa de encerramento do disco antecessor), é estranho irmos para um terreno menos astuto a seguir. É como ver a temperatura descer. Ainda assim, não é algo totalmente prejudicial a vitalidade do disco, dá para entender o porque de algumas linhas desse tipo serem inseridas lá dentro.

Columbia Records / Harry Styles (reprodução)

No fim, o único risco aqui era que em Harry’s House a casa fosse oca, sem pessoas ou mobília. Entretanto esse sentimento corre para muito longe após a ardência que é causada pela melodia e estilo que sempre (sempre mesmo) decide acender uma faísca para algo maior. Madeira e fogo não combinam, mas Styles sabe como apaziguar o fogo oferencendo momentos incandescentes e que não se alardam da maneira que não devem.

Nota: 85/100

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