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Crítica | Jamie xx, “In Waves”

O segundo álbum de Jamie xx, produtor da banda The xx, traz uma autenticidade única, capturando a essência de mil noites distintas na pista de dança.

Enquanto a The xx não volta, os fãs da banda conseguem se contentar com uma extrema qualidade que se dá pelos papéis solos dos membros. Em ordem de eventos: Oliver Sim mostrou seu confessional projeto em uma ode ao cinema do horror; Romy fez uma passagem absurda pelo Brasil; e agora, Jamie xx retorna com um 2º lindo disco super móvel.

O melhor dessa mobilidade do álbum parece se concentrar na ausência de voz (não por completo, é claro) e os momentos que Jamie ousa fincar planos apenas nos botões e volumes. “Every Single Weekend (Interlude)”, por exemplo, gera isso em locuções etéreas, e “Still Summer“, com a falta.

Há uma mutação interna inteligente que põe o produtor a par de uma coesão escaldante; como se faixa a faixa o registro conseguisse reverberar uma pista potente e, ao mesmo tempo, densamente conceitual. Dentro do que ele faz, tal dinamismo não é tão inédito; mas para a vertente que ele executa, é raro.

Mesmo estando ciente desses passos para fazer do projeto algo imbatível, é justamente nas entrelinhas de produções (que provavelmente surgem de forma natural) que o compilado soa como algo novo e sempre em transformação, mas ainda preso numa redoma inundada de criatividade.

Partes do álbum surpassam quaisquer definições de noites dançantes

Waited All Night“, que reúne após anos a banda The xx, eleva essa sensação em um som com clássicas bases de uma música eletrônica; já “Life”, com Robyn, é a combinação certeira entre o que pode ser o ápice do clube em que se atinge o êxtase; e “Breather” constrói um momento cinematográfico em 6 minutos.

Na junção das peças, indo de canções que evocam roupagens clássicas até peças construídas com propósitos para fazer o ouvinte sentir, o agrupamento parece carregar no fim os tons certeiros para um momento alucinógeno, seja nas ruas ou numa noite solitária.

No meio e no fim, “In Waves” cria vibrações eletrônicas próprias que se conectam ferozmente bem por ligações nervosas capazes de fazer o ouvinte provar de uma dose alta de uma obra capaz de evocar muito na pista de dança; seja ela qual for.

90/100

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