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Crítica | Jão, “SUPER”

Jão deixou de ser um lobo solitário para explorar o mundo e em SUPER o artista expande ainda mais sua história

Jão sempre teve uma relação muito próxima com seus fãs e deixa isso muito claro em qualquer conteúdo que lança ou até mesmo nos seus shows. Tudo o que ele faz é pensando nos fãs e em como eles vão encarar aquilo, usufruindo de tudo. Um grande exemplo disso foi a ‘super audição’, realizada em São Paulo, de seu quarto álbum SUPER, que também é uma carta aos próprios fãs que o acompanham.

Composto por dois lados, Jão confirma o projeto quádruplo entre seus discos — uma ideia um tanto quanto programada desde ‘Lobos’, de 2018 — cada um remetendo a um elemento (Lobo: terra: Anti-Herói: ar; Pirata: água; SUPER: fogo) e também fazendo referência a sua trajetória, colocando easter eggs em diversas músicas que, dependendo de quem ouvir, poderiam passar despercebidos, mas não dos fãs.

Com início bastante pop rock, lembrando um dos seus maiores ídolos Cazuza, Jão veste uma persona mais feliz e irreverente. Os grandes destaques são “Escorpião” e “Me Lambe” (que poderia muito ser uma recaída depois de “A Última Noite”). Ele segue explorando sua sonoridade com “Gameboy”, com um som um pouco mais sintético, e referencia um dos seus maiores sucessos “Meninos e Meninas” em “Alinhamento Milenar”. O ritmo diminui em “Maria” e “Julho”, que funcionam como continuações, trazendo baladas um tanto melancólicas (também usando seus álbuns anteriores como referência), nos preparando para a segunda parte do álbum.

Podemos dizer que o Lado B já começa com uma das maiores músicas do álbum, Eu posso ser como você, uma resposta pra música Eu queria ser como você, lá de seu primeiro álbum Lobos, que nos mostra um lado do Jão não explorado anteriormente, mais rock e pop punk, dividindo muito bem as duas partes de SUPER. O álbum acaba se tornando mais “sombrio” e mais “pesado”. “Sinais”, a próxima faixa, ainda traz a atmosfera sombria e misteriosa misturado a um pop dançante, juntamente com “Se O Problema era você, por que doeu em mim?”.

“Locadora” e “Rádio” funcionam como uma dupla, assim como “Maria” e “Julho”, um antes e um depois, trazendo a fama e o amor como principais temas. Em “São Paulo, 2015”, Jão traz uma sonoridade inédita, flertando o pop rock com o hip-hop, nos mostrando uma nova faceta bem interessante.

“SUPER”, última faixa homônima, é um show a parte. Começando bastante despretensiosamente e acapella, vai crescendo aos poucos, adicionando cordas (os violinos foram a cereja do bolo), percussão, até chegar em sua plenitude, entregando uma letra bastante biográfica, que é onde ele faz mais referências a sua jornada como artista. É o maior presente para aqueles que acompanham seu trabalho desde o início e funciona como um desfecho perfeito para esse projeto dos elementos.

O destaque vem para a ponte que conta com sample de sua própria música — “Monstros” — lá do primeiro álbum, revisitando o garoto do interior que não sabia que tudo era necessário para quem ele viria a se tornar. É quando Jão para de não sentir nada para sentir tudo (como repete em algumas músicas) e finalizar o disco de forma emocionante trazendo referência à sua própria arte.

Jão deixou de ser um lobo solitário para explorar o mundo, viver seus amores, passar por inícios e términos, com meninos e meninas, se conhecendo, honrando seu caminho e o seu ser até se sentir pronto para sentir tudo. É um álbum sobre sua vida, sua jornada, sobre a fama e sexo, e que coloca sua origem, mais uma vez, à frente do palco. Tudo bastante amarrado e pensado, capaz de agradar quem ele sempre quis: seus fãs.

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