De todo tipo de filme que traz na narrativa principal aquele tipo de clássica investigação entre FBI e serial killer, sem dúvida alguma “Longlegs: Vínculo Mortal” inala dessa concepção e fala: não preciso disso. A obra de Oz Perkins fica feliz em distorcer as linhas do sobrenatural, real e claro, do cinema.
O marketing preciso do longa conseguiu instigar muito bem quem se interessa por obras convencionais do subgênero (peças de David Fincher são o maior exemplo), mas toda a ação trabalha literalmente com a desmitificação dessa vertente. Pela primeira vez em muito tempo (vale citar aqui histórias como “O Silêncio dos Inocentes”), o que é mais levado em conta é como o envolvimento da protagonista mexe com todos os sentidos da história.
Toda essa visão em tornar a narrativa de Lee Harker para com o envolvimento direto à Longlegs, e não em si sobre a interessante inspeção do caso, é sem dúvida o trunfo de tudo. Os mecanismos entendem que precisam girar conforme o que compreende a protagonista, e não o “vilão”.
Entender as perguntas que resultam em mais dúvidas, como decifrar os códigos e captar as semelhanças entre datas, é o que mais aproxima a obra da temática investigação corriqueira de filmes que tem personagens como o amaldiçoado Longlegs. Noutro sentido, é o texto de Osgood Perkins que tenta enfatizar justamente o clima de investigação como um polo não fundamental para a corrida.
Maika Monroe exala uma personagem intangível e incompreensível até o último momento em vista; Lee Harker é vorazmente complexa, não só pela aura da excelente atriz, mas pelo acerto da narrativa em instaurar partituras que aniquilam qualquer desinteresse por mais.
Mas é sem dúvida Nicolas Cage, que em pouquíssimas vezes, consegue carregar o título de perturbador com fiel destreza. A caracterização é digna de temores e todos os momentos que ele decide perpetuar a estranheza de Longlegs a única reação é se encolher. Inclusive, a sequência inicial é puro terror e um dos melhores momentos do cinema no ano.
O que fica aqui aberto para discussão são dois pontos: 1, como “Longlegs: Vínculo Mortal” se vende e 2, como ele é de fato um grande momento refrescante (beirando o inovador) para o horror — que sempre ousou em entregar os produtos menos convencionais e prestigiosos do cinema.