Crítica | ‘MaXXXine’ encerra trilogia com referências e ritmo dinâmico

Bebendo da fonte de clássicos do horror dos anos 80, ‘MaXXXine’ chega aos cinemas com menos gore e mais dinamismo em relação aos capítulos anteriores

Hollywood, 1985. O que você faria para deixar de fazer “filmes adultos” para se tornar uma grande estrela do cinema? Desde ‘X’, o primeiro filme que deu base para a aclamada trilogia do estúdio A24, lançado em 2022, o estrelato (ou a busca dele) é um tema elemental que amarra os três filmes que apresentam Mia Goth como protagonista de cenas icônicas e memoráveis para a cultura do terror.

Novamente, Mia interpreta Maxine Minx, a personagem de ‘X’ que agora vê a chance de finalmente alcançar o tão sonhado estrelato em Hollywood. Os planos são promissores, e a autoestima da personagem segue os padrões de “Pearl”, com potencial de desbancar todas as concorrentes. É quando descobrimos também que a Los Angeles da época se vê amedrontada por um assassino misterioso que faz novas vítimas a cada noite, e parece começar a cercar a protagonista — junto com um peso do passado ressurge para somar às ameaças para os planos da atriz.

Diferente de muito dos filmes de terror/horror/slash em que a protagonista e suas “final girls” sempre são moças indefesas e que tomam atitudes que irritam o espectador, ‘MaXXXine’ traz uma personagem empoderada e bem no estilo do que poderíamos esperar da trilogia. Sem se fazer de vítima ou se amedrontar pelo perigo, Maxine usa sua revolta e seu desejo de realizar os planos para agir contra as ameaças que a cercam e fazer por si mesma o seu destino.

Com inúmeras referências a filmes como “Dublê de Corpo”, clássico do diretor Brian de Palma (lançado em 1984), o resultado em ‘MaXXXine’ é uma espécie de terror-noire que homenageia clássicos do cinema, a indústria hollywoodiana e, mesmo com diminuição do gore presente em filmes como ‘X’, concentra a trama em um estilo de ação, investigação policial, vingança e entrega um filme cheio de nostalgia e magnetismo.

Com 1h40 o filme é colorido e irresistível, mostrando parte dos bastidores da ascensão à fama e das produções clássicas de Hollywood e coloca o desenvolvimento de personagem como um grande ponto focal aqui, ao passo da atuação da neta da atriz brasileira brasileira Maria Gladys, Mia Goth, que segue impecável e hipnotizante no papel de Maxine.

Em alguns momentos o filme pode pecar no ritmo — com um começo mais arrastado e um desenvolvimento mais acelerado, atrapalhando parte do mistério que tenta propor. Mesmo assim, sinceramente, poderíamos assistir a trama da personagem se desenrolar por muito mais tempo ou até muitas outras produções — tamanho o carisma de Mia e perspicácia no universo desenvolvido por Ti West.

81/100

Total
0
Share