Crítica | Melanie Martinez, “PORTALS”

Melanie Martinez se aventura nos riscos de uma personalidade excêntrica com um som mais maduro em “PORTALS” mas sem perder a personalidade.

Meu corpo morreu mas eu ainda estou viva, olhe pelos seus ombros, eu estou de volta dos mortos” é a frase que dá inicio ao renascimento de Melanie Martinez em seu novo álbum, “PORTALS“. Levando em consideração o fato de Martinez ser uma grande especialista em story-telling, o disco ainda acompanha a fantástica e criativa trilogia de ‘Cry Baby‘, seu alter ego. Só que dessa vez, numa nova fase. Ou melhor, numa nova encarnação.

Num primeiro impacto, o novo projeto da cantora abraça o caráter dramático que a mesma sempre manteve por perto. Apesar de seus visuais tão diferentes de seu passado artístico, “PORTALS” ainda contém toda a personalidade de Melanie, com um certo teor de amadurecimento.

DEATH“, “VOID” E “TUNNEL VISION“, abrem o álbum com um ótimo exemplo do que a americana de 27 anos quer oferecer nesse momento. Um dark pop, curioso e feroz, carregado em letras intensas mas vindo em uma experiência limitada.

Grande parte do álbum não sustenta aquilo que foi oferecido em seus primeiros minutos. Faixas como “FAERIE SOIRÉE“, “LIGHT SHOWER” e “LEECHES” soam exatamente como algo já visto antes na carreira da cantora de uma forma cansativa, e acabam parecendo um misto de informações que se perdem em meio ao personagem exótico em que a cantora decidiu se aventurar. Ainda conseguimos visualizar seu universo ficticio, mas é preciso um pouco mais de esforço para alcançar o pico excêntrico que almeja atualmente.

Um dos pontos altos de “PORTALS” é definitivamente, a tão previamente comentada, “BATTLE OF THE LARYNX“, canção que além de transmitir perfeitamente toda a personalidade da cantora como artista, também exala seu processo de evolução após tantos anos longe dos holofotes. A faixa 8 é tudo que Melanie tenta imprimir nessa nova era, seguida de “THE CONTORTIONIST“, que abraça, finalmente, com maestria, toda a esquisitisse (num bom sentido) dos visuais propostos.

Próximo ao ato de encerramento, “EVIL“, uma das canções mais aclamadas pelos fãs, realmente não decepciona. Gerando ideias controversas, a canção que, liricamente, soa perfeitamente coerente com o enredo, não parece estar, sonoramente, encaixada no lugar certo.

Todo o projeto é um grande experimento com bastante qualidade em sua produção, apesar de enfraquecer em diversas etapas. “PORTALS” é uma aventura merecedora de grandes visuais e que, mais uma vez, conta uma história genial criada na mente brilhante da cantora e compositora Melanie Martinez.

67/100

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