Crítica | Não, Não Olhe! provoca e entrega outro clássico de Jordan Peele

No novo longa, Jordan Peele entrega suspense, terror, ação e nos deixa querendo muito mais do universo misterioso e cativante de Não, Não Olhe!

Jordan Peele tem estado entre as manchetes há alguns anos, principalmente após Corra, filme que dirigiu e escreveu, sacudiu as críticas, chamou a atenção do público e surpreendeu a indústria. Pouco depois, Nós foi lançado sob o burburinho de aclamação do filme anterior, mas encontrou mais resistência por parte do público, que ficou dividido nas opiniões.

Agora, Não, Não Olhe! (NOPE, títutlo original) chega aos cinemas e encontra um público ávido e curioso. O filme, que explora em sua temática a aparição de seres extraterrestres, foge das duas entregas anteriores e acerta muito em tudo que se propõe, sendo uma agradável surpresa.

Não, Não Olhe! distribuído por Universal Pictures (reprodução)

Com pouco mais de duas horas de duração, o filme nos faz acompanhar OJ (Daniel Kaluuya) e Emerald (Keke Palmer), filhos órfãos de um criador de cavalos que eram usados em produções cinematográficas. O pai, morto em um acidente misterioso em que objetos comuns (como chaves e moedas) caem como uma chuva do céu, deixa o rancho e os cavalos nos cuidados de OJ, que sente que precisa carregar o legado do pai, mesmo ainda traumatizado pela morte recente.

Já Emerald, expansiva e tentando emplacar em uma de suas dezenas de vertentes, é um contrapeso na relação com o irmão, e é quem o faz providenciar equipamentos de filmagem para tentar capturar o objeto misterioso que certa noite os apavora, na tentativa de ganharem milhares de dólares com a filmagem e mudarem de vida.

Diferente dos outros filmes do diretor, onde o clima de mistério e suspense é levado adiante até uma revelação no fim, aqui o mistério e suspense se mantém mesmo quando você vê o que é o motivo de medo e desconfiança. Não há plot-twists reveladores e surpreendentes, e mesmo assim, Jordan consegue criar uma atmosfera viciante e magnética que nos prende ao filme do começo ao fim.

Keke Palmer está impecável, deixando o filme mais leve, mais relacionável e, sinceramente, mais gostoso de assistir. Sua personagem é humana, cativante e extremamente real. Já Daniel parece interpretar novamente o mesmo papel — mesmo quando podemos ser empáticos quanto à carga emocional que carrega. Não decepciona, mas nos fez pensar que, se não fosse por Keke, perderíamos muito do brilho e ótimos momentos do filme.

Não, Não Olhe! distribuído por Universal Pictures (reprodução)

A direção e roteiro estão extremamente acertados: nada sobra ou falta no filme. É emocionante (em diversos sentidos), é moderno e tem um ritmo muito acertado. Nos mostra que Jordan está em um excelente caminho para se tornar ainda maior e mais aclamado, enquanto se reafirma como um dos maiores diretores da nossa geração.

Saímos do cinema loucos para voltar, para desobedecer a ordem de não olhar para cima, e para nos demorar mais nos excelentes momentos entregues pelo filme. Ansiosos e atentos pelo que Jordan ainda nos prepara no futuro!

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