Crítica | “Pinguim” eleva a qualidade HBO ao nível máximo

Minissérie extrai um dos principais vilões de Gotham numa resolução potente.

Vale ser direto aqui: o nascimento e a expansão de um vilão nunca foi tão estridente de acompanhar como o assistido em “Pinguim(ou “The Penguin”, em seu título original). O dedo da HBO em uma produção como essa é sem dúvida um tipo de deus ex machina que a DCU precisava; é também onde o novo universo de Matt Reeves colide mais uma vez com o imbatível.

Ainda que tente se desmembrar do material base (afinal, em toda sua honra a série limitada vem pelos quadrinhos), o maior acerto está justamente no ato em expelir o que a audiência acharia que veria, já que a história vem diretamente do “Batman” de Reeves para sequenciar terreno.

O que faz a produção criar aptidão própria é no desenho de narrativa, com os mafiosos de Gotham estando sob a vigília mansa de Oz (ou Pinguim) através da simples evolução de um mártir crente em mudanças — isso infla num típico ritmo alá HBO. A partir desse ponto, onde o protagonista caminha por discursos políticos e tenta dissimulá-los, o spin-off ousa ir longe.

Desde o início, a obra se empenhou em revelar quem o fantástico Oswald de Colin Farrell é. Nos sete episódios anteriores ao finale (que escancara tudo), temos em tela momentos que, embora parecessem inertes, servem à total validação do personagem. Guiado por um roteiro excepcional, o vilão demonstrava continuamente ser digno de sua recuperação e ter as sujas ruas da cidade a seu dispor.

Muito especificamente, durante uma sequência alarmante no episódio final que traz Sofia (a estilosa antagonista da mágica Cristin Milioti) obliterando qualquer chance de Oz, perante sua mãe (interpretada por Deirdre O’Connell de modo avassalador), continuar fingindo ser algo além de um monstro, encontramos nesses minutos essenciais para o final, atuações imensas, uma montagem e textos viscerais que geram uma transparência sensacional, gritando com quem em algum momento criou qualquer tipo de simpatia pelo protagonista. Logo depois o telespectador leva outro baque em uma cena muito particular com Vic (vivido com lealdade pelo querido Rhenzy Feliz).

É exatamente aí, em todo esse cerne de construção e desmontagem — alá uma tragédia grega slow burn — que a obra engata um só núcleo e o alastra perfeitamente. Sem arrastar o telespectador para cantos de Gotham que sejam inválidos ver; o soturno do âmago dessas personas, principalmente o de Pinguim, torna-se o fundamental.

Criando autonomia dentro do universo de Reeves, a série limitada soube como transportar o personagem já marcante o suficiente no filme para um formato longo de uma maneira que convertesse todos os achismos de qualquer telespectador sobre um vilão.

Não há diagramação mais marcante em todo o ano televiso do que se tem aqui, não só para os próprios personagens, mas para todo o cerne do derivado que não regurgita em falar pelo tom da bondade o quanto todos ali são potentes ameaças para si.

Há uma maximização extremamente inteligente em quem de fato Oz é que faz tudo parecer ser mais simples. Onde o desejo por mais é nada menos do que algo para qualquer pessoa que persevere e deseje o melhor para si. Fica nítido a voracidade, impulso e cuidado ao usar desse artificio no programa para falar de um personagem marcante e que precisava de um tipo de repaginação que nunca acharíamos grande o suficiente para existir.

Como um parasita que decide onde e quando se hospedar e, penetrar o hospedeiro com discursos funcionais e anti frágeis, a jornada de Oz por “Pinguim” é nitidamente como uma obra desse caráter deve se comportar. 

95/100

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