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Crítica | Rebecca Black, “Let Her Burn”

“Let Her Burn”, 1º álbum de Rebecca Black, não carrega cinzas alguma de sua dona, mas sim conversas do antes, agora e o depois

Reputação. É assustador como uma ação pode marcar a sua aparência moral para toda a vida. Hoje, com o poder da tecnologia, o linchamento assume outras destrutivas vertentes. Já pensou como o mundo reagiria a “Friday” de Rebecca Black atualmente? Em hipótese, as reações teriam o dobro do peso para atriz e cantora norte-americana.

No fim, não há motivos para focar em toda essa situação e torná-la mais dolorosa e maior do que ela já é (claro, vendo apenas a relação entre música e internet nesse caso). A princípio, ela soube reverter tais dilemas e achismos estrondosamente bem. Na verdade, seu talento já iria responder isso quase que por conta própria.

No entanto, todo o seu passado desastroso já havia ficado de lado antes do “Let Her Burn“, seu primeiro álbum completo, o “Rebecca Black Was Here” a ajudou nisso, “EP que a define como artista, provando que sempre deveria ter sido levada a sério“. Agora, ela deixa qualquer carcaça sua queimar, trazendo rigor com sabor insaciável em ser uma estrela pop — ou hyperpop.

Antes, agora e o depois assumem uma única conversa no primeiro álbum de Rebecca Black

Os singles se saem incríveis quando unidos ao resto: “Look At You” é um número reduzido do hyperpop total, mas complementa a estrutura de modo equivalente. “Crumbs” é aditiva e agudamente sexy; “Sick To My Stomach” soma muito bem a dor de Rebecca em perder sua amada e a de vê-la com outro alguém primeiro que ela: “And fuck, it hurts to know that you’re falling / Falling in love before I did“. A música é excelente, a produção é tendenciosa e a letra é ótima, ou seja, uma trinca perfeita.

Destroy Me” é um número épico de synth-rock com guitarras que causam apetitosas rupturas, evocando uma única sensação: euforia. É certamente a canção que mais responde bem à proposta do disco, sendo uma injeção de adrenalina muito bem-vinda.

Se o futuro fosse um som para o “Let Her Burn”, “What Am I Gonna Do With You” assumiria o volante. Com um batimento prestes a explodir, a faixa assume uma conversa tênue entre marcha e acelerador, sempre trazendo a tona apenas o que pode aguentar e então, o necessário.

Para fechar, “Performer” surpreende por ser densa o suficiente para encerrar o debut de Rebecca. A transparente canção sobre vulnerabilidade é insana, e mesmo sendo até “agitada”, permite um momento de quietação e reflexão.

É muito gostoso ver como Rebecca vai daqui para ali por entre 10 músicas, como múltiplas versões da mesma pessoa (como ela mesma alega). Em contrapartida, se o “Let Her Burn” tivesse só mais um pouco de compasso e firmeza, seria um trabalho abismal para um gênero que funciona de maneira extremamente intrigante e perspicaz em suas mãos. Nesse momento, o álbum carrega diferentes estilos bem aplicados em seu corpo — é mais um (foco em “mais um”) passo certo da artista.

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