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Crítica | Sabrina Carpenter, “Short n’ Sweet”

Novo álbum de Sabrina Carpenter coloca a artista numa rota mais que merecida.

Impressionante como Sabrina Carpenter deixou de ser uma artista conhecida para uma artista mundialmente conhecida. É difícil ir atrás desse título. Apesar de haver conquistas a serem atingidas para riscar tal patamar, é complicado alcançá-lo e receber o calor pelo feito.

O que faz a artista atingir o pico são as peças do “Short n’ Sweet”; seu sexto projeto de estúdio amplia uma aura digníssima de fazer com que o mundo reconheça a artista como uma nova força para se inspirar, ficar obcecado e positivamente, consumi-la sem respaldo algum.

A princípio, a impressão que fica é que ela entende o que já funcionou em sua carreira e redobra a percepção em novos tipos de sons que abraçam o desenrolar de uma juventude gostosa de se ter do lado e falar “eu aprendi com a Sabrina Carpenter” em uma roda de amigos.

Muito da maneira que Sabrina acha para expressar todo lirismo meloso e doloroso nas voltas e voltas nas doze músicas serve como encaixe perfeito para quem quer ser abraçado por momentos gritantes da sua própria linguagem para usuais agonias amorosas; “Sharpest Tool”, por exemplo, com uma metáfora soft, deixa explícito um amor com questões típicas de séries de TV, mas ainda reais.

Na verdade, ao encontrarmos todos os contextos construídos para a narrativa principal do álbum, encaramos o otimismo principal do conjunto. Sabrina faz escorrer um tipo de apreço que fica escancarado o tempo todo como o pivô para o que torna o seu sexto registro tão bom: a crença em saber o que se está externalizando porque se é aquilo que se externaliza.

Assim que essas partículas se amontoam, a equalização do todo se otimiza no que pode ser considerado um dos álbuns mais gostosos do ano, e mais que isso, ser o responsável por adoçar o nascimento de uma nova princesa do pop.

Por entre dizeres mundanos e números musicais grandiosamente divertidos (“Expresso” e “Taste”), Sabrina sintetiza muito do que o pop gosta de ser usando uma roupagem vertiginosamente espontânea e com um nível técnico excelente, sempre disparados por todas as matrizes da diagramação do projeto.

O groove de “Bed Chem” é apenas marcante. Uma das melhores peças do registro tem em suas veias uma correnteza sensual em conhecer Barry Keoghan nas entrelinhas e na superfície alta, uma construção linear não tão surpreendente, mas dançante o suficiente para ser viciante.

Quando a energia baixa (no quesito técnico), o ouvinte vai encarar peças como “Dumb & Poetic”, “Slim Pickins” e “Lie To Girls”; repletas de sintonias suaves demais para irem de encontro a um projeto que tem componentes como “Please Please Please” na tracklist.

Há canções fillers aqui com o propósito de causar certa ternura para a alma do disco, mas quando se é sentido com força esse desejo nos momentos suaves e inefáveis, seria preciso esticar mais das estéticas vistas em “Juno”, que com tons brilhantes exprime a libertação de uma pop star, ou “Don’t Smile”, erguida numa sintonia dolorosa a representação do gosto amargo num término que vem de qualquer tipo de rótulo ou tempo (a faixa acaba por ser a mais crua e bonita dentre todas).

Há uma grande perspectiva de mais sucesso para o que Sabrina Carpenter pode colocar nos palcos pós esse álbum, entretanto, o que acontece aqui já é enorme o suficiente para distanciá-la das irregularidades atuais que não se permitem ir longe o suficiente para chegar num patamar muito próprio.

Vai ver, era muito disso que uma certa geração precisava encontrar hoje. Aqueles que buscavam por uma conciliação entre música e especificidades da vida vão achar na órbita da artista uma idealização sutil, levemente contornado por conotações sexuais repleta de tiradas cheia de gosto. Para quem busca apenas por um som pop elegante, o play por inteiro no disco é o que mais funciona.

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