Crítica | Lady Gaga, “The Fame”

The Fame não é um álbum perfeito, mas está longe de ser algo desconexo da cultura pop e pode sim ser chamado de um debut popstar

Em 2008, uma promessa musical que apenas alguns anos depois se tornaria uma lenda lançaria ali um marco pra sua carreira e pra música pop no geral. Lady Gaga, que naquela época já estava acostumada a escrever canções pra outros artistas, finalmente teve a oportunidade de fazer sua própria música e o que temos a dizer sobre isso é o que vocês já viram: uma artista completa, que propôs várias quebras de paradigma pra indústria e que atualmente possui até um Oscar além de vários Grammys.

Imagem: Pieter Henket

The Fame é o primeiro álbum da carreira da Gaga, e, apesar de ser o primeiro, tem hits que povoaram muito o imaginário popular – inclusive o brasileiro – da época. Afinal, quem nunca dançou “Poker Face” e “Just Dance” na vida? Nas baladas, era muito o que tocava, e com razão, afinal são duas músicas que marcaram demais o ano e que mostram muito o talento da Gaga em cantar dance-pop, que por um tempo foi realmente sua maior força. Mas tem faixas no próprio álbum que demonstram o quão longe ela estava de ser somente mais uma popstar.

Apesar do tema da fama e do estrelato ser recorrente no álbum, Gaga consegue nos mostrar pela forma com que emula a voz – que pros críticos foi algo que soou bem parecido com a Gwen Stefani – que seu talento se estendia além das músicas dance. Claro que por ser um álbum debut, ela ainda não tinha a identidade lá muito clara, coisa que foi se reforçando até no repack do The Fame, mas já dava pra se observar o que ela se tornaria dali em diante.

Mesmo com quase todas faixas sendo dance, temos algumas que fogem do padrão, algumas mais pra balada, outras para rock, outras pra pop mais vanguardista e outras até pra pop mais melódico, sendo uma delas a minha favorita do álbum e que, com um fonema que a gente conhecia um ano antes com a Rihanna, se tornou depois um dos singles de promoção do álbum, que é “Eh, Eh (Nothing Else I Can Say)”. Considero essa a música que talvez nos mostre como seria a carreira futura da Gaga, sem tanto o eletropop que nos foi mostrado com os lead-singles.

Ainda que seja um bom álbum de debut, o The Fame possui muitas falhas. Não é um álbum extremamente coeso, há algumas faixas fillers (talvez grande parte delas), mas há que se considerar exatamente isso: é um álbum de debut de uma artista que se mostrou extremamente interessante desde sua estreia na indústria.

E ainda há uma coisa a mais a se elogiar: ela compôs todas as músicas do The Fame, mostrando que sim, aquela qualidade de compositora que ela tinha antes enquanto compunha pra outros artistas se manteve aqui, ainda que as letras não tenham sido de todo interessantes.

Nota: 70/100

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