Crítica | “The Last of Us” cria layout ideal para uma adaptação

Honrando uma das histórias mais notáveis da indústria de jogos eletrônicos, a adaptação de “The Last of Us” é no mínimo formidável

Debater sobre o número de adaptações de videogames que deram erradas não parece mais ser uma questão tão espinhosa. A quantidade de acertos desse tipo de remondagem é pequena, mas não inexistente. Mas e “The Last of Us? Está em qual pódio?

A série da HBO Max que adapta o exclusivo lançado no PlayStation 3 a quase 10 anos (e que bem mais tarde ganhou uma sequência), se encaixa, felizmente, na lista positiva. Visto que é considerado um marco na história dos jogos eletrônicos, a adaptação do game precisaria ser a altura, e ela é.

O episódio “Por Muito, Muito Tempo” conseguiu conquistar talvez 95% do público que passou a acompanhar a série avidamente tão cedo. A fábula de Bill e Frank colapsou o telespectador com toda a ideia de amor romântico em meio ao apocalipse sob um enredo espirituoso.

Crédito: HBO/Naughty Dog

Ao encarar esse capítulo, o 03, foi surreal ver como rapidamente qualquer escolha narrativa que seguiria, provavelmente quebraria o espelho de ficção. “The Last of Us” conseguia aos poucos estabelecer muita conexão, independente quais sejam elas.

O duo protagonista caia em nossos braços sem precisar enormes refinamentos. Acompanhar Ellie e Joel desenhando o relacionamento foi majestoso e o “passeio” pela inumanidade deixada no restante de pessoas no mundo gerava urgências no coração.

Aqueles minutos exatamente iguais aos do jogo enchem os olhos dos veteranos, já as alterações são extremamente respeitáveis por se adaptarem a um meio diferente de entretenimento brilhantemente. Afinal, não seria possível trazer a jornada para a TV de orelha a orelha como no game, já que a mídia é diferente.

Carência de cenas de violência não impediu crescimento de “The Last of Us”

Sem tanta ação, o modo que os episódios emitem para um tipo diferente de tela (uma que temos zero controle), a road trip a pé de Joel e Ellie é louvável. Em síntese, quando tratada como adaptação de um videogame, é honrosa, enquanto é uma obra com contações de subtramas originais, é espetacular.

Crédito: HBO/Naughty Dog

Ao passo que a obra original reverbera situações mundanas no apocalipse, é Pedro Pascal e Bella Ramsey que nessa versão equalizam as singelas conversas e ações em sequências impetuosas; seja pelas circunstâncias juntos ou unificados.

Pascal é intrínseco e com um cerne violentíssimo, mesmo que não deixe transparecer nos momentos de não explosão de raiva; seu Joel vibra medos. Entretanto, é em Ramsey que a série firma o hostil mundo. Ellie ganha tanta vida pelas mãos de sua atriz que é impossível não se mostrar concentrado em qualquer movimento e dor que ela contrai.

Sem dúvida “Quando Mais Precisamos“, capítulo 08, tenha sido o que mais tornou a carcaça criada por Bella para Ellie em algo tão grandioso ao ponto de nos fazer questionar se aquilo é mesmo irreal. Seja como for, os incidentes vistos ali foram absurdamente bem posicionados e ele é talvez o episódio do ano (até agora).

Não vamos escrever muito mais sobre o que foi a 1ª temporada de “The Last of Us“, você já deve ter visto em todo lugar sobre. Porém, vale mais um veículo afirmar: com certeza o triunfo da adaptação concentra quão robusta uma nova roupagem pode ser quando explorada ao nível de algo magnífico. O programa não é como nada já existente, é exatamente o que o seu material de origem é: potente.

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