Se destacar no mercado nacional com o pop é encarar uma correnteza forte e complexa de lidar. A massa considera difícil demais emplacar nossos próprios produtos por um tanto de estigmas que vezes soa absurdo demais. E no meio dessa passagem de água rápida e áspera, deixamos de lado artistas que de fato merecem ganhar uma leva de aplausos. É um mercado complicado.
Essa falta de valorização é dobrada quando a gente encontra pessoas que fazem parte da comunidade LGBTQIA+. Enfim, é um buraco quase sem fundo. Portanto, é crucial apreciar essas pessoas; hoje chegou a vez de Thiago Pantaleão.
Tendo surgido aos olhos de um grande número de pessoas com o single ‘Desculpa por Eu Não te Amar‘, um típico e comum bop que não chama atenção pela sua elevada estrutura, mas na verdade por ser bem leve e chiclete; do tipo para balançar o corpo sem reparar nisso.
Vendo agora o primeiro registro completo dele, o álbum Fim do Mundo, a deliciosa base usada na canção serviu com um ótimo background para o projeto inteiro. Que em contrapartida decide não ir pelo caminho mais simples, mas maduro o suficiente para gerar a ideal “curtição”. Sem mais e sem menos, tudo vem a tona não só pelos sensuais graves, mas também pela harmonia visual que a sonoridade emana.
Projeto tem uma força estética sensual que vai além da escrita
Essa é praticamente a linha que o Thiago decide implementar nas canções: um caminhar sem muitas complicações. Mesmo que as letras remetam a mais usual e escrachada dores do amor, as composições e escolhas sonoras dialogam diretamente com o ideal em nos fazer sair do chão.
Logicamente, dentro das condições do álbum, esse ideal funciona. O lirismo erótico (muito bem prensado perante a sonoridade) é até gostoso de se ouvir. Quando ele decide sair desse senso lírico, as coisas parecem fazer mais sentido considerando alguns fragmentos da estética e produção. “Mente Pra Mim‘ e ‘Konoha‘ (com ft. de Lukinhas) assumem os tons mais brilhantes quando o assunto é essa contrapartida.
Em suma, a melhor sequência fica com a música título e ‘Teu Pescoço‘. A primeira se encontra em uma atmosfera mais densa e elétrica, é extremamente gostosa e exercita uma produção excelente. Já o pop-rock com DAY LIMNS e Ruxxel (também um dos produtores) é o melhor momento do trabalho. Os vocais de Panteleão caem como uma luva junto à mesclagem da programação, ainda mais com a adição da cativante LIMNS.
Ainda que pareça estar sintonizado em um único propósito, tecnicamente falando, Fim do Mundo serve muito bem para mostrar do que Thiago Pantaleão é capaz de oferecer ao público. A narrativa não é a das mais inovadoras, mas é sim o suficiente para fazer o projeto ecoar bem perante a proposta que o cantor quer oferecer.