Crítica | Tove Lo, “Dirt Femme”

Quinto álbum de estúdio de Tove Lo é dentro da sua coleção de projetos, o mais feroz – se é que isso era possível

A maneira que Tove Lo desengrenou quando paramos para ir além do estrondoso hit “Habits (Stay High)” é um campo explicitamente básico para quem a segue desde então: ela é poderosamente talentosa.

São 5 álbuns esplendorosos de electro-pop (sendo um deles um flamejante registro musical) na discografia até o momento. E se tem algo que a sueca não faz de maneira bagunçada é estender as ligas dos contextos que todas essas fases precisam. Em uma fala mais convencional: Tove Lo nunca lançou uma música ruim.

Foto por Moni Haworth

Tal consistência deve ser considerada motivo de inveja, ainda mais agora, com a nova peça no meio dos outros, o Dirt Femme. Na verdade, o projeto nem sequer precisava, mas no fim acabou estabelecendo com fúria a conotação de que ela sabe o que faz.

No One Dies From Love“, que abriu a ”era”, é uma das canções do ano e de longe, uma das suas melhores. É um som sci-fi profundo, dançante e inquebrável, onde mostrou a primeira porta da fase sendo escancarada com a mais profunda sinceridade para o que é potencialmente o melhor momento da artista.

Há uma maratona intensa de dança com o trio “Call On Me“, “Pineapple Slice” (cheia do tom perfeito sexual que só Tove pode provocar) e “Attention Whore“. As duas primeiras trazem SG Lewis exprimindo brutalmente sua sonoridade no álbum, parece um pouco mais dele do que dela, porém funciona para com o que o projeto abraça. Com essa última, o volume interno do disco sobe ao máximo, a adição da voz grave de Channel Tres é impiedosamente deliciosa.

Foto por Moni Haworth

Novas músicas provocam ardilosamente o ouvinte a dançar como nunca na pista de Tove Lo

Kick In The Head” é um jam autêntico, não decepciona em nada na programação; “Suburbia” fica cada vez maior após várias audições; e “Grapefruit” evoca com a delicadeza suficiente que a arte proporciona ao tratar de um assunto complicado.

Em cada verso e decomposição de sentidos, o que se vê aqui parece explorar a feminilidade de Tove como nunca dentro de suas obras. Enquanto é um estudo ideal que se assemelha a um frescor em dias quentes e terrosos, é também vulnerável e mágico. A artista nunca precisou escalar muito para colocar na pista trabalhos incríveis, aqui, parece que a jornada ficou ainda mais fácil de se escrever.

O Dirt Femme estabelece o que quer para com o ouvinte e sua dona, e ainda na solução de contas faz reverência perante o que mostra disposto a criar. Chega a ser simples dizer que esse aqui é um dos melhores álbuns de Tove Lo.

90/100

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